Novo projecto de John Romão arranca este mês na sub-região do Baixo Alentejo.
Promover a coesão territorial, a descentralização da oferta cultural contemporânea, corrigindo o desequilíbrio do seu acesso através de uma programação inspirada no capital cultural, natural e humano alentejano, assim é o Futurama, Ecossistema Cultural e Artístico do Baixo Alentejo, apresentado publicamente na passada sexta-feira em Beja.
Arte contemporânea
Com início marcado para o presente mês de Maio, o novo projecto do encenador, programador cultural, curador e director artístico John Romão propõe uma sinergia entre os municípios de Beja, Castro Verde, Mértola e Serpa, criando um inovador ecossistema cultural, artístico e colaborativo. Fá-lo através do desenvolvimento anual de uma programação enraizada no território e nas comunidades locais, dedicada à experimentação e à transdisciplinaridade.
Procurando criar novos espaços de interação e inclusão, fomentando a cidadania e a igualdade, Futurama propõe um cruzamento intergeracional, incluindo comunidades com idades e conhecimentos diversos.
No sentido de reforçar a vertente colaborativa interdisciplinar e interregional do Futurama, todos os anos são convidados quatro programadores associados, de diferentes áreas artísticas e geografias.
Em 2021, o desenvolvimento da programação do Futurama conta com a colaboração de Filipa Oliveira (Casa da Cerca, Almada / Artes Visuais), Luís Fernandes (gnration, Braga / Música e Arte Digital), Joana Gusmão & Nuno Lisboa (Apordoc, Lisboa / Cinema) e Rui Horta (O Espaço do Tempo, Montemor-o-Novo / Artes Performativas).
Futurama – Ecossistema Cultural e Artístico do Baixo Alentejo compõe-se de quatro actividades principais e interdependentes que colocam frente a frente tradição e contemporaneidade:
Residências artísticas | Novas criações e investigações
(Maio a Outubro de 2021)
Dez artistas portugueses são convidados pelos quatro programadores associados em 2021 a desenvolver novas criações e investigações nos domínios das artes visuais, artes performativas, música, arte sonora, cinema e arte digital, inspiradas no capital simbólico, cultural, natural e humano do Baixo Alentejo.
O trabalho é feito em oito residências artísticas nos quatro municípios, que partem do cruzamento entre a experimentação contemporânea, as técnicas tradicionais, os recursos naturais e as comunidades criativas locais.
Depois de partilhadas com o público local, o Futurama investirá na difusão nacional e internacional das criações e investigações, que viajam vinculadas ao Baixo Alentejo, mediatizando o capital simbólico da região.
Artistas convidados: Carla Filipe, Cláudia Martinho, Salomé Lamas, Diogo Tudela, Beatriz Dias & Francisca Manuel, Susana Santos Silva, Pedro Gil & Pedro Matos Soares, Cláudia Ribeiro.
Cantexto
(Junho a Dezembro de 2021)
Da interseção entre o Cante Alentejano e a literatura contemporânea, nasce o projecto que funde as palavras Cante e Texto.
Atento à salvaguarda e regeneração contemporânea deste património imaterial da Unesco, o Futurama convida oito prestigiados autores portugueses a escrever para oito grupos corais da região do Baixo Alentejo.
Com atenção à diversidade de género e diferentes faixas etárias, foram contemplados grupos corais de composições diversas e de diferentes geografias, urbanas e rurais.
Autores convidados: Gonçalo M. Tavares, Matilde Campilho, Tiago Rodrigues, Patrícia Portela, José Luís Peixoto, Valério Romão.
Grupos corais: Os Ganhões de Castro Verde, Os Cantadores do Desassossego, Os Alentejanos de Serpa e outros a anunciar.
“o território do Baixo Alentejo tem presente um conjunto significativo de vestígios de diversos povos e culturas, reflexo da diversidade cultural hoje existente na vivência das suas populações. O Futurama dará continuidade aos diálogos interculturais e internacionais que definem a história da região”
John Romão, programador e director artístico
Constelações
(Maio a Outubro de 2021)
Constelações tem como linhas orientadoras a diversidade, a proximidade e a circulação dentro e entre municípios, promovendo um diálogo entre as práticas culturais tradicionais e as práticas artísticas contemporâneas. Desenvolve-se em três categorias: Oralidade, Visualidade e Fisicalidade.
Cada sessão convida o público a participar num encontro inédito que reúne um agente de uma prática cultural tradicional da região com um artista contemporâneo.
Unidos em torno de uma categoria comum, as Constelações têm lugar nos sábados da segunda quinzena de cada mês, nos quatro municípios.
Programa educativo
(Abril a Dezembro de 2021)
Desdobra-se em três actividades alinhadas com o Plano Nacional das Artes e em parceria com equipamentos de ensino secundário e superior da região:
- “Geração Futurama” pretende munir os jovens, dos 15 aos 25 anos, de ferramentas que possibilitem o desenvolvimento das suas próprias visões e interpretações críticas e criativas, através de encontros com artistas nacionais e internacionais, e de ações artísticas coletivas.
- “O que é isso do contemporâneo?” consiste num programa mensal de masterclasses e workshops com artistas, nas escolas secundárias, com o intuito de promover diferentes perspectivas e abordagens pessoais que ampliam o sentido da contemporaneidade.
- “A Revolução Somos Nós”, uma celebração do centenário de Joseph Beuys, assente na colaboração transdisciplinar entre os alunos de música do Conservatório Regional de Música do Baixo Alentejo e os alunos de têxteis da Escola Artística António Arroio, para criação de um concerto / intervenção visual na paisagem.