O POVO NA ARTE
Do período Neo-realista do pintor (1945), é uma obra de grande exibição cromática. O seu protagonista é um camponês hercúleo que se serve poderosamente da gadanha, assimilando uma evidente consciência de classe, pela determinação intuída do seu manuseamento.
A componente fundamental do estilo, era o seu compromisso social com os princípios do materialismo histórico, ao mesmo tempo que trabalhavam na descoberta de novas formas artísticas.
Nota da Edição:
Júlio Pomar (1926 – Lisboa)
Aos 8 anos um escultor amigo da família leva-o a frequentar como aluno livre as suas aulas de desenho na, então, Escola de Arte Aplicada António Arroio.
Na adolescência frequenta esta escola, onde se prepara para ingressar na Escola de Belas Artes de Lisboa, na qual é admitido em 1942. Ao fim de dois anos de frequência abandona-a e em 1944 transfere-se para a Escola de Belas Artes do Porto.
Com o fim da II Grande Guerra e a derrota do Nazi-fascismo, o regime de Salazar fica mais exposto e as suas contradições tornam-se mais evidentes.
Tal como outros jovens artistas da época, Júlio Pomar é influenciado por escritores que se impunham no panorama literário português, como Alves Redol ou Soeiro Pereira Gomes, ligados ao Partido Comunista Português.
Nesses anos a sua oposição ao regime de Salazar acarreta-lhe uma estada de quatro meses na prisão, a apreensão de um dos seus quadros pela polícia política e a destruição dos frescos com mais de 100 m2, realizados para o Cinema Batalha no Porto.
O momentâneo fortalecimento da oposição a Salazar e uma temporária permeabilidade da censura promovem a entrada em Portugal de influências decorrentes da reconstrução cultural do pós-guerra.
Complementarmente as obras de artistas como Portinari e os grandes muralistas mexicanos – Orozco, Rivera e Siqueiros – encorajam os jovens artistas portugueses, como Júlio Pomar, a fazer da sua arte um veículo de intervenção sócio-política.
Permanece em Portugal até 1963, ano em que se instala em Paris. Actualmente vive e trabalha em Paris e Lisboa.
Júlio Pomar instituiu em 2004 uma Fundação com o seu nome. Foi anunciada para Abril de 2013 a inauguração do Atelier-Museu Júlio Pomar, criado pela Câmara Municipal de Lisboa, em edifício que adquiriu na Rua do Vale n.º 7, Mercês, Lisboa, o qual contou com um projecto arquitectónico de reabilitação da autoria de Álvaro Siza.
Renda-se ao fascínio da obra deste pintor que acaba de completar 90 anos e parta à sua descoberta.
Fontes: Atelier-Museu Júlio Pomar / U Porto / UNL