O Ministro do Ensino Superior, Ciência e Cultura (MESCC) de Timor-Leste recebeu uma Delegação composta pela Presidente da Direcção da FORGES e pelas reitorias da Universidade Nacional de Timor Lorosa´e (UNTL), da Universidade de Díli (UNDIL) e da Universidade Católica Timorense (UCT).
A visita a Timor-Leste realizada esta semana por Margarida Mano, Presidente da Direcção da FORGES, uma rede que engloba 78 universidades e quase 500 membros individuais da CPLP, na opinião generalizada dos protagonistas envolvidos, contribuirá de forma indelével para o aumento das expectativas que se colocam em relação à consolidação e ao desenvolvimento da língua portuguesa no país.
Efectivamente, tal como aconteceu no passado durante a luta de libertação nacional em que toda a resistência (Resistência Armada, Frente Clandestina e Frente Diplomática) se uniu em torno da língua portuguesa para a libertação nacional do país ocupado e anexado pela Indonésia, foi visível pelas atitudes do MESCC, da FORGES e das três universidades, o entendimento consensual sobre a importância da continuação da defesa intransigente do desenvolvimento da língua portuguesa nas Instituições de Ensino Superior (IES) e em Timor-Leste.
As três universidades, UNTL, UCT e UNDIL, assumiram na prática o raciocínio de que a língua portuguesa representa uma vantagem estratégica no contexto geográfico e político onde Timor-Leste se insere, por ser uma língua internacionalmente falada por 260 milhões de pessoas, sendo o 4º idioma mais usado em todo o mundo, depois do mandarim, inglês e espanhol.
Numa outra perspectiva, pela primeira vez na história do ensino superior em Timor-Leste, as três universidades do país que mais demonstram defender a língua portuguesa (UNTL, UNDIL e UCT) uniram-se e apresentaram à FORGES – Fórum de Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa uma proposta para que a realização da 15ª Conferência da FORGES se realize em Timor-Leste, em Novembro de 2025.
Neste sentido, a Associação FORGES, a UNTL, a UNDIL e a UCT, ao confirmarem a promessa do apoio total do MESCC à iniciativa conjunta, irão posteriormente efectuar uma campanha de socialização para envolver todas as Instituições de Ensino Superior (IES) de Timor-Leste interessadas em participar na 15ª Conferência da FORGES.
Uma outra consequência positiva desta acção conjunta resulta do facto das três universidades ficarem mais próximas para outros desafios, havendo condições objectivas para o estabelecimento de parcerias ao nível da cooperação institucional, bilateral e multilateral, no quadro da formação avançada e da investigação científica, numa perspectiva de aproveitamento de sinergias para o desenvolvimento do ensino superior nos seus três pilares fundamentais que são o ensino, a investigação e a extensão/serviços comunitários.
Realmente, um grande desafio que se coloca às IES do país passa pela criação de grupos de investigação, na optica de investigação multicêntrica, envolvendo as três universidades e/ou outros membros do Fórum de Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa.
A minha preocupação sobre esta questão assenta em observações empíricas que reflectem a ideia, segundo a qual, na maior parte das instituições de ensino superior do país não há cultura de investigação, portanto, impõe-se a necessidade de investir na investigação científica, proporcionando um trabalho de colaboração fundamental para o desenvolvimento de estudos ao nível nacional, partilha de dados, conhecimentos e recursos e várias naturezas.
A importância da audiência concedida pelo ministro do Ensino Superior, José Honório da Costa Pereira Jerónimo, foi demonstrada pelo alto nível de participação dos representantes das três universidades e da própria equipa ministerial, mas, acima de tudo, pelo apoio declarado pelo Governo à realização da 15ª Conferência da FORGES em Timor-Leste, resultante da proposta conjunta apresentada pela UNTL, UNDIL e UCT, à FORGES, em Novembro de 2023.
Dos técnicos especialistas e académicos presentes, para além de Margarida Mano (FORGES – Fórum de Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa) e dos reitores das três universidades, João Soares Martins (UNTL), José Agostinho da Costa Belo Pereira (UNDIL) e Joel Casimiro Pinto (UCT), participaram no encontro Maria Filomena Lay (Directora-Geral do MESCC), Edmundo Viegas (Assessor do MESCC), Rita de Morais (Assessor do MESCC), João Câncio (UCT) e M. Azancot de Menezes (UNDIL e FORGES), e técnicos superiores do MESCC.
Presidente da FORGES visitou as três universidades
Após o encontro com o ministro do Ensino Superior, Ciência e Cultura, a Presidente da FORGES foi convidada a visitar as três universidades, primeiro a UCT, depois a UNDIL e por último a UNTL.
As reuniões foram muito úteis e, acima de tudo, fundamentais para dar a conhecer a FORGES no sentido de se perceber a estratégia desta importante rede que integra 78 universidades e cerca de 500 membros individuais da CPLP.
É importante colocar em relevo que a FORGES, em Novembro de 2023, juntou presencialmente 34 universidades da CPLP para assinarem a importante Carta da Rede de Sustentabilidade, onde se incluem da parte de Timor-Leste, a UNTL e a UNDIL.
Com a subscrição da Carta de Sustentabilidade da FORGES, assumiram-se vários princípios de acção alinhados com os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), desde logo, o compromisso institucional segundo o qual as IES subscritoras devem demonstrar através de documentos institucionais e da prática diária o compromisso com os princípios e a prática do desenvolvimento sustentável.
Sobre esta matéria não posso deixar de compartilhar que o Reitor da Universidade de Díli, imbuído deste pensamento inerente à importância da sustentabilidade, produziu um despacho reitoral e foi criado o Comité de Sustentabilidade da UNDIL, portanto, um primeiro passo concreto para consubstanciar a estratégia da FORGES.
Para o cumprimento cabal dos ODS, neste processo coordenado por Marcelo Bezerril (Universidade de Brasília), numa visão holística, foram definidos outros princípios de acção, conforme expressa a Carta, nomeadamente, a «promoção da ética para a sustentabilidade», a «actuação na formação para a sustentabilidade», a «disseminação do conhecimento», a «cooperação e parcerias» e a «transferência de tecnologia».