Foi a chamada “Grande Noite Sangrenta” ou a noite em que a República matou o pai e se suicidou. Uma noite que quase um século depois continua um mistério.
Um mistério que resiste ao tempo e em que, aparentemente, ninguém tem estado interessado em esclarecer ou ver esclarecido.
O almirante Machado dos Santos (o pai da República) e vários outros altos dirigentes republicanos, incluindo o primeiro-ministro em funções, são arrancados das suas casas e vão sendo escabrosamente liquidados a tiro e a golpes de armas brancas.
Quando estamos na véspera de comemorar um século sobre o mais vergonhoso e triste momento de toda a história republicana é mais do que tempo de esclarecer este mistério e seus enigmas que acabaram por determinar muito do que foi o nosso século XX. E muito para além do que pretendiam e de forma muito diferente…
É necessário e urgente tal esclarecimento. Até para perceber como o golpe de 28 de Maio de 1926 (liderado por um “Herói da Rotunda”, um dos que tinha proclamado a República em 1910…) foi apenas o funeral dessa I República que se suicidara quatro anos antes.
E, num país com este histórico de magnicídios, Salazar ainda teve o topete de “explicar” que este era “um país de brandos costumes”. Mentindo por conveniência, Salazar lançou, como dizia o Eça, “sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia”. A história do nosso século XX anda embrulhada em “mantos diáfanos de fantasia” e outras narrativas de conveniência. E isso é inaceitável, trágico e perigoso.
Exclusivo Tornado / IntelNomics
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