A figura de António Guterres equivale à afirmação individual de uma personalidade de uma profunda cultura humanista (no seu caso, gerada no humanismo de teor cristão) e política (no seu caso, alicerçada no socialismo democrático, logo conciliador) que o colocam do lado do bem, da paz, do compromisso com as melhores causas da existência humana. No cargo que vai desempenhar, esse perfil é fundamental – até para a perseguição desse estádio ideal das civilizações que dá pelo nome de direitos humanos.
O outro lado é o da inalcançada utopia que combate frontalmente os desígnios e o destino da O.N.U. (que teima em ser uma Organização mediadora num mundo onde as nações não são, a nenhum título, unidas.
Ao olharmos para as Nações do mundo o que nos é dado testemunhar é a profusão dos conflitos étnicos, religiosos, geopolíticos, etc., constatando como são maximizados para levar a confrontos diretos (e que invariavelmente são abastecidos pelos fornecedores de armas de todos os recantos do mundo).
Temos a consciência de que os estudos académicos ou oficiais têm o valor relativo que têm, mas podemos dizer que o último que interpretámos no âmbito do trabalho do Núcleo de Investigação Nelson Mandela – Estudos do Humanismo e de Reflexão para a Paz deixa bem claro que apenas 11 países do mundo, dos 162 cobertos pelo estudo recente do Institute for Economics and Peace’s (IEP’s), estão sem conflitos! Em apenas 11 não há registos de nenhum tipo de conflito!!! O resultado está no documento 2014 Global Peace Index, estudo conduzido pelo IEP. De acordo com especialistas, o fato gera a sensação de que o planeta inteiro está em guerra.
The Global Peace Index chart for internal conflicts, isto é, o gráfico de conflitos internos do Global Peace Index, mostra a reduzidíssima percentagem dos países sem ‘nenhum conflito’ O Global Peace Index mediu os últimos dados até o final do ano anterior, o que significa que o estado de conflito internacional agora é realmente pior do que o estudo sugere.
O estudo é o espelho do mundo em que vivemos. Esse mundo que um português enfrenta agora, olhos nos olhos, com a tarefa mais dura atribuída a um guerreiro: a procura da paz.
Este artigo respeita o AO90