Em 14 de janeiro de 1980, a Comissão Nacional da Unidade Sindical, formada por sindicalistas de todo o Brasil, reuniu-se no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, presidido na época por Joaquim dos Santos Andrade (Joaquinzão). Naquele dia foram programados a realização de um 1º de Maio nacional unificado e a realização do 1º Congresso das Classes Trabalhadoras.
Durante a ditadura militar o movimento sindical foi alvo preferencial da repressão. Isso porque o programa de governo se assentava na concentração da propriedade e das rendas, no controle político do país segundo os interesses do capital estrangeiro e na superexploração repressiva da força de trabalho.
A política econômica de austeridade, que acirrava a desigualdade social arrochando os salários e diminuindo os serviços públicos, se agravou quando o país atrelou-se ao FMI para financiar o “milagre econômico” do final dos anos 60 e o começo dos anos 70.
Movimentos como as greves de Osasco e de Contagem, de 1968, e as do ABC, de 1978, 1979 e 1980, que ousaram se opor ao Regime, ficaram marcados pela coragem e capacidade de organização dos trabalhadores, mas também pela violência com que foram reprimidos.
Neste conflito entre crise, repressão e resistência, a virada do ano de 1979 para o de 1980 foi efervescente.
A explosão social era inevitável. A mobilização contra a crise econômica intensificava-se em todo o país e os movimentos sociais começavam a erguer-se contra a ditadura militar.
Em 14 de janeiro de 1980, a Comissão Nacional da Unidade Sindical, formada por sindicalistas de todo o Brasil, reuniu-se no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, presidido na época por Joaquim dos Santos Andrade (Joaquinzão) e tirou, daquela reunião, um planejamento de lutas por um salário mínimo real e unificado, garantia no emprego, reforma agrária e combate à carestia.
Naquele dia foram programados a realização de um 1º de Maio nacional unificado e a realização do 1º Congresso das Classes Trabalhadoras.
Conclat
Este Congresso ocorreu com o nome “Conferência Nacional das Classes trabalhadoras” (Conclat), nos dias 21, 22 e 23 de agosto de 1981, na cidade de Praia Grande, litoral paulista, com 1.126 entidades sindicais e 5.247 delegados.
No evento foi aprovada a data de 1º de outubro como o “Dia Nacional de Protesto”, no qual as reivindicações levantadas na Conclat seriam entregues ao governo. O manifesto ampliou o leque das reivindicações propostas em janeiro do ano anterior, acrescentando a elas itens como o fim da redução de benefícios da Previdência Social e o direito à moradia, e reforçando a luta pela liberdade e autonomia sindicais e liberdades democráticas.
Mas uma outra decisão teria sido ainda mais marcante. Foi ali que aqueles sindicalistas decidiram constituir uma central sindical, uma organização única que congregasse todos as entidades sindicais. Para isso foi eleita a chamada Comissão Pró-CUT, e o Congresso para a fundação da central sindical foi marcado para 1983.
A visão em torno de duas propostas dividiu as correntes que pretendiam disputar a hegemonia do movimento sindical.
Uma delas propunha a filiação à incipiente central de qualquer organização sindical, inclusive as oposições sindicais. A outra proposta defendia que somente as entidades regulamentadas deveriam ser filiadas à central. Tratou-se, em suma, de um embate entre unicidade (que pressupõe a criação de um sindicato por base territorial, uma federação por Estado e uma confederação nacional) e pluralidade sindical.
Desta forma a Central Única dos Trabalhadores (CUT) foi fundada no 1º Congresso da Classe Trabalhadora, ocorrido em agosto de 1983, por uma parte dos sindicalistas brasileiros que realizaram a Conclat e constituíram a Comissão Pró-CUT. Como não houve consenso entre todos aqueles sindicalistas, boa parte do movimento não aderiu àquela central, vindo a construir a CGT, em 1986, a Força Sindical, em 1991, e as demais centrais sindicais que surgiram ao longo destes trinta anos.
Nas três décadas que nos separam da Conclat de 1981 o Brasil viveu um período de crise e de mudanças significativas. Período no qual transcorreram a “Nova República”, a hegemonia neo-liberal e uma nova fase de crescimento, contemplando, desta vez, a população mais pobre.
Aquela situação deixou claro que a unidade do sindicalismo brasileiro não se daria dentro de uma única central. E a história comprovou que o exercício da democracia deveria contemplar a diversidade programática e ideológica entre o movimento de trabalhadores. Tal exercício se consagrou vinte e nove anos depois, em 1º de junho de 2010, quando outros 30 mil trabalhadores se reuniram novamente numa histórica reunião, que ficou conhecida como a 2ª Conclat.
Em contraposição com o clima de clandestinidade que rondava o sindicalismo do início da década de 1980, cinco centrais sindicais brasileiras, CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CGTB, mostraram no estádio do Pacaembú, na 2ª Conclat, sua força propositiva, num grande exemplo de construção da ação sindical unitária.
Hoje no Brasil temos 6 centrais reconhecidas pela legislação: Central Unica dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhaores (NCST), Central de Sindicatos Brasileiros (CSB). Temos ainda mais quatro entidades que não atingiram os requisitos da lei, mas participam nas ações unitárias que são: Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas ) , Intersindical Central da Classe Trabalhadora, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e Intersindical Instrumento de Lula e Organização da Classe Trabalhadora.
É bom constatar que a pluralidade de centrais sindicais, com suas opiniões diferenciadas sobre o mundo do trabalho e propostas de luta e organização, não tem impendido ações unitárias de mobilização, greves e unidade nas campanhas salariais.
Texto em português do Brasil
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