O preso político saharaui Mohamed Lamin Haddi, do grupo Gdeim Izik, actualmente detido em Tiflet2, iniciou uma greve de fome a 13 de Janeiro[1], recebe ameaças de morte e a casa de sua família foi atacada.
O Sr. Haddi, que completou hoje 28 dias de greve de fome, foi visitado ontem à tarde por uma enfermeira da prisão.
A enfermeira começou a ameaçar o Sr. Haddi dizendo que se ele não parasse a greve de fome seria enviado para a cela de isolamento / punição “Kacho”, embora o Sr. Haddi esteja em confinamento solitário prolongado desde 2017. O “Kacho” é temido por todos os reclusos nas prisões marroquinas, por se tratar de um espaço minúsculo sem ventilação que se assemelha a uma caixa ou a um caixão.
A ameaça transformou-se em ameaça de morte quando a Enfermeira acrescentou que, se o Sr. Haddi não parar com a greve de fome, a administração penitenciária não permitirá que ele tenha água e vai retirar as garrafas de água que tem na sua cela.
Além disso, a enfermeira disse que a prisão não tinha conhecimento da greve de fome e que o Sr. Haddi deveria solicitar uma “reunião” com a administração penitenciária de Tiflet2 para informá-los e, consequentemente, solicitar uma consulta médica.
O Sr. Haddi recusou pedir uma reunião e não vai parar a greve de fome.
A sua advogada francesa, Maître Olfa Ouled tinha enviado queixa[2] ao procurador do Rei no passado dia 16 de Novembro, com cópias para a DGARP (Delegação Geral Marroquina das Penitenciárias e da Reinserção), o CNDH (Conselho Nacional de Direitos Humanos de Marrocos) e ao Ministério da Justiça de Marrocos.
No dia 19 de janeiro, o Sr. Haddi foi visitado por um representante da DGAPR[3] a quem Haddi comunicou que se recusava a interromper a greve de fome até que estivesse noutra prisão e mais perto de sua família.
É evidente que a administração de Tiflet2 está bem informada sobre a greve de fome.
Esta nova ameaça e a declaração de que a administração penitenciária não está informada da Greve da Fome, por meio de uma Enfermeira que tinha como única tarefa transmitir esta informação, visto que não mediu a pressão, nem verificou o peso do senhor Haddi nem realizou nenhum procedimento médico normal em caso de greve de fome, é mais do que suficiente evidência dos extremos maus-tratos e negligência médica a que está submetido o Sr. Haddi e da total ausência de medidas para assegurar a sua sobrevivência. Uma flagrante violação por parte das autoridades marroquinas das suas próprias leis e das convenções internacionais que ratificou.
Esta tarde (9 de fevereiro de 2021) a casa da família do Sr. Haddi, na cidade ocupada de El Aaiun, foi cercada por policias marroquinos que impediram qualquer visita à família e tentaram entrar à força na casa.
A família do Sr. Haddi tem denunciado em todas as redes sociais a situação do preso político, especialmente a sua mãe, que fez vários vídeos pedindo aos Mecanismos de Direitos Humanos das Nações Unidas, ao Comité Internacional da Cruz Vermelha e às ONGs internacionais para intervir no caso do seu filho, mas também dos outros presos políticos do Grupo Gdeim Izik.
[1] Mohamed Lamin Haddi preso politico Saharaui em Greve de Fome aberta
[2] Mohamed LAMIN HADDI, continua em greve de fome, enfrentando o Covid 19
[3] Presos políticos de Gdeim Izik em Tiflet2 visitados por autoridades marroquinas
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