Tal como aconteceu no primeiro debate, Henrique Neto levou a ‘arma’ bem carregada para o seu segundo frente-a-frente, transmitido pela SIC Notícias, este Domingo, e não se cansou de ‘atacar’ o seu adversário, no caso, Marcelo Rebelo de Sousa.
Começou por recordar tempos anteriores ao 25 de Abril, altura em que “enquanto estava a apanhar pancada, Marcelo Rebelo de Sousa escrevia uma carta ao presidente do Conselho a aconselhá-lo a ser mais duro”. As críticas estendem-se aos longos anos em que Marcelo foi comentador na televisão, por, na sua opinião, não ter tido coragem para utilizar o grande “poder” que essa circunstância lhe dava e que lhe permitiria chamar a atenção para os grandes problemas do país. Ao invés disso, limitou-se a ocupar o tempo com “faits divers, truques e pequenas quezílias”. Em resumo, Marcelo Rebelo de Sousa “é parte do sistema político em que temos vivido e que conduziu Portugal à situação actual”, acusou Henrique Neto.
Na resposta, Marcelo Rebelo de Sousa rejeitou a acusação implícita de apoio ao antigo regime, pois apesar de escrever cartas a Marcello Caetano, os seus textos jornalísticos eram censurados, “tinha ficha na PIDE e era considerado subversivo”. Enquanto comentador político, diz ter feito o que podia e que, embora tivesse algum poder, não era o suficiente para levar a que os políticos dirigissem o país da forma que ele entendia ser correcta. Mas fez questão de lembrar “a independência” com que comentava, o que lhe dava credibilidade e audiências mas irritava os políticos, em especial, os do seu partido que, por duas vezes, terão feito pressões para tentar calá-lo.
Na altura em que foi político no activo, à frente do PSD, garante que “fartei-me de lutar contra os vícios do sistema”, ao apresentar legislação que mudou as regras do financiamento partidário, limitou os mandatos dos autarcas e reduziu o número de deputados. E, enquanto líder da oposição, viabilizou três orçamentos do PS, “tendo contra mim o actual Presidente da República e os barões do meu partido”.
Uma decisão que terá tido como contrapartida, ripostou Henrique Neto, a realização dos referendos para impedir o aborto e a regionalização, uma acusação que Marcelo Rebelo de Sousa qualificou como “muito injusta para António Guterres”, o socialista que exercia, na altura, o cargo de Primeiro-Ministro.
Caso seja eleito, Marcelo pretende trabalhar para “desdramatizar e curar as feridas” que resultaram dos mais recentes desenvolvimentos políticos. Nesta altura, é preciso alguém que “restabeleça pontes”, uma tarefa para a qual considera estar talhado, pois “fiz consensos várias vezes na vida e é essa a minha predisposição”.
Também Henrique Neto considera ser o homem certo para o cargo, por ter “um projecto para o país, capacidade de previsão” e não fazer parte do grupo de políticos que, ao longo dos últimos 15 anos, pelas suas contas, terão levado o país a destruir “entre 150 a 200 mil milhões de euros” da sua riqueza.