Aberta a caixa de Pandora, o nosso estimado Presidente, a quem deu para medalhar os talentos, vai ter de se repimpar no sofá e passar a vida a ver futebol, quer dizer, o Benfica, atletismo, quer dizer, o Benfica, natação, quer dizer, o Benfica, hóquei em patins, quer dizer, o Benfica, ir ao teatro, ler o Tornado, evitar o Público, enfim, como lá dizia Baudelaire “não há coisa mais excitante do que o lugar comum”.
Revi toda a minha vida até ao momento e não encontro uma única razão para reivindicar, para derramar sobre a Presidência, algo que justifique a minha nomeação como comendador. Um título que me permitisse uma certa arrogância até com as gajas: “Vê lá se tens aí algum sentimento que me sirva, sim?”
Bem, como alguém disse “se queres um milagre, sê o milagre!” chamei o meu amigo Quim e pedi-lhe que, com elevação cerimonial e uma vara, me nomeasse Sir!
-Sancuts! Sancuts! – disse ele, no fim da cerimónia. Sei lá o que isso quer dizer, mas como o gajo é muito bom em latim, (tem-no para dar e vender) se há palavras duras como as pedras, estas não o são certamente.
Daí que, a partir de hoje sou Sir. Eu e o Quim fizemos história, daquela que fica na memória e nos acompanha pela vida fora.
Cá em casa acharam a atitude indecente.
Não compreendem que a única coisa que os ingleses deram ao mundo (de borla) foram títulos nobres e sarcasmo.
E eu gosto de ambos.