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Domingo, Novembro 3, 2024

Impeachment: ganhou o Sanatório Geral

João Vasco AlmeidaOuviram-se no voto do impeachment, claramente, as ‘palmas p’ra ala dos barões famintos, o bloco do napoleões retintos e os pigmeus do boulevard‘.

Outrora portugueses, agora os heróis que dizem que “Pernambuco nunca faltou ao Brasil”, esquecendo-se os eleitos que Pernambuco era o centro dos tais barões famintos, que deixava a cana para a Europa e os brasileiros sem açúcar.

Aquilo não é samba nem baião, é trio eléctrico na pior forma. Gritavam os malandros federais, ao votar por um processo cuja acusação ninguém entende: “Pelos meus filhos”; “Pelo meu neto…”. Pior ainda: “Pelo Brasil”, enquanto o Brasil que pensa e que via na TV Senado se arrepiava, triste pela transformação do chão da câmara num botequim de alarves sem areia ou palha no chão, cheio de cachaceiros.

Como na piada, o presidente é corrupto, o senador é corrupto, o deputado é corrupto, o povo enfim… Há um rifão popular a que se segue uma quadra simples, hoje confrangedora para o meu amigo Charlie Brown:

‘Se você quiser, vou lhe mostrar
A nossa São Paulo, terra da garoa
Se você quiser, vou lhe mostrar
Bahia de Caetano, nossa gente boa’.

Dilma Rousseff e o vice-presidente da República, Michel Temer.
Dilma Rousseff e o vice-presidente da República, Michel Temer.

Sobram agora 210 dias a Dilma e ao impeachment. Um mês para o Senado, por maioria simples, aprovar ou não o processo e, depois, 180 dias para provas e investigação. No fim, o Senado, em sessão presidida pelo presidente do Supremo, dá a sentença e acabou-se Dilma. Ou não. Michel Temer, o vice-presidente que até já gravou o discurso de posse, tal o respeito pela democracia, será o sucessor até às eleições.

De que é acusada?  De uma manobra na contabilidade orçamental do governo, que serviu para passar a impressão de que arrecadava mais em impostos do que gastava, enquanto a realidade era exactamente o contrário. Isto é: Dilma fez o que todos os governos portugueses fizeram nos últimos anos, em medida pequena, principalmente com os resgates aos bancos.

A palhaçada na Câmara, deste domingo, obriga-nos a ver os acusadores como egoístas em campanha federal e Dilma como o pato sentado, depois de ter tentado forçar Lula como a salvação do mundo.

Esperemos que passe a palhaçada.

 

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