A Fundação José Saramago dá início, este Sábado 1 de Abril, pelas 16h30, às comemorações dos seus 10 anos de nascimento com a abertura ao público da exposição «O Lagarto», de J.Borges e José Saramago.
Publicado em Portugal e Brasil, o livro «O Lagarto» é o ponto de partida para a exposição que une as xilogravuras do artista brasileiro às palavras do Prémio Nobel de Literatura e que teve a primeira apresentação em Óbidos, no âmbito do FOLIO (Festival Literário Internacional de Óbidos).
Às 17h será exibido um filme, realizado por Miguel Gonçalves Mendes, com a leitura do conto por Adriana Calcanhotto.
Em 2016, mais de 40 anos após a publicação de «O Lagarto» no livro A Bagagem do Viajante, o texto ganhou uma nova leitura com as ilustrações de J. Borges.
Para assinalar os seus dez anos de existência, durante todo o ano a Fundação José Saramago oferecerá uma programação variada que contará com concertos, sessões de cinema, mesas redondas, tertúlias e com a promoção da literatura em língua portuguesa para além das fronteiras de Portugal.
A nova edição de «O Lagarto» nasceu de uma ideia original de Alejandro García Schnetzer e foi publicada em Portugal pela Porto Editora e no Brasil pela Companhia das Letras.
José Francisco Borges, mais conhecido como J. Borges é um dos mestres do cordel, um dos artistas folclóricos mais celebrados da América Latina e o xilogravurista brasileiro mais reconhecido no mundo. Nasceu em 20 de Dezembro de 1935 em Bezerros, Pernambuco.
Filho de agricultores, começou a trabalhar aos dez anos de idade na roça, e negociava nas feiras da região, vendendo colheres de pau que ele mesmo fabricava.
Autodidata, o gosto pela poesia fez encontrar nos folhetos de cordel um substituto para os livros escolares. Em 1964 começou a escrever folhetos de cordel; foi quando fez “O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina”, xilogravada por Mestre Dila, que vendeu mais de cinco mil exemplares em dois meses.
Animado com o resultado, escreveu o segundo, chamado “O Verdadeiro Aviso de Frei Damião Sobre os Castigos que Vêm”, que o conduziu pela primeira vez à xilogravura.
Como não tinha dinheiro para pagar a um ilustrador, J. Borges resolveu fazer ele mesmo: começou a entalhar na madeira a fachada da igreja de Bezerros, que usou no seu segundo folheto de cordel. Desde então, começou a fazer matrizes por encomenda e também para ilustrar os mais de 200 cordéis que lançou ao longo da vida. Hoje essas xilogravuras são impressas em grande quantidade, em diversos tamanhos, e vendidas a intelectuais, artistas e colecionadores de arte.
Actualmente vive na sua cidade natal, num local que foi transformado num espaço artístico, o Memorial J.Borges, onde ensina a arte da xilogravura aos mais novos.