Mais um mau exemplo para o Mundo.Não temos grande moral, nós portugueses, em querer ser juízes em causa alheia, até os nossos juízes têm tantas vezes enormes pés de barro, pois a juntar a tantas outras falhas temos somado denúncias anónimas, intolerâncias das mais variadas, racismos, fobias, homofobias, falhas de caráter e violações graves das liberdades, individuais e coletivas. Por isso, olhar para o Brasil de hoje pode parecer pretensioso e excessivo, mas as notícias que se somam e vamos colhendo em informação dão-nos que pensar e temer (parece um trocadilho com o nome do presidente brasileiro cuja biografia é mesmo de temer).
A última notícia que se prende com o nosso objeto de estudo regista a criação no Brasil de um sector exclusivo para investigar crimes motivados por intolerância religiosa. A situação, muito grave, tem resultado em mortes e violações terríveis e num clima que julgaríamos impensável num país com uma tradição intensa do multicultural e de tolerância intelectual – exemplo mesmo de uma coabitação saudável de diferenças e que julgávamos irrepreensível. A realidade é bem diferente, a Polícia Civil, em Mato Grosso, foi obrigada a criar um departamento só para tentar enfrentar o problema.
A Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT), nomeou o delegado Luciano Inácio da Silva para investigar os crimes, que, de acordo com o que sabemos, são muitos embora não se conheça um um número oficial de casos de intolerância no estado.
Queixas e evidências sucedem-se, quase diariamente, mesmo muitos outros locais – o último foi Rondonópolis onde vândalos atearam fogo a um Centro Espírita.
Agora, o secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Mauro Zaque, assinou uma portaria oficializando a criação do sector para investigações.
O documento aguarda publicação no Diário Oficial do Estado (DOE).
O lado bom da notícia, se é que existe, regista a presença de líderes e representantes de centros espíritas, candomblé e umbanda na reunião que pôs em marcha a ação em Mato Grosso. Os religiosos procuraram a secretaria para cobrar maiores investigações em supostos crimes praticados contra os grupos e templos religiosos.
O representante e presidente da Federação Nacional de Umbanda e Cultos Afro Brasileiro (Fenucab), Aécio Paniagua Montezuma, denunciou entretanto a falta de interpretação das próprias autoridades e o desconhecimento sobre as religiões, como sendo principais problemas enfrentados. A intolerância traduz-se em atentados à vida humana, invasão de terrenos, invasão e destruição de templos religiosos e casas de crentes destruídas.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90