O Conselho dos Guardiães seleccionou seis candidatos entre as centenas de pretendentes à ocupação do posto presidencial, todos eles altos funcionários do regime.
O antigo Presidente da República, Mahmoud Ahmadinejad foi preterido na selecção, tendo sido seleccionados por um lado o actual Presidente, Hassan Rouhani, e dois dos seus mais directos colaboradores, Ishaq Jahangiri, e Mostafa Hashemi Taba, e do outro um actual presidente da mais importante fundação do regime e antigo membro do ‘comité da morte’ (responsável pela execução de dezenas de milhares de presos políticos em 1988), Ebrahim Raisi, igualmente com dois dos seus mais directos colaboradores, Mohammad Bagher Ghalibaf e Mostafa Mir Salim.
É dado como certo que as quatro figuras secundárias estarão presentes na campanha apenas para apoiar os seus chefes de fila, ou seja, os verdadeiros candidatos são Rouhani e Raisi.
Desde a morte do fundador do regime, o Ayatollah Khomeini, que o regime tem tolerado a existência de duas facções, a do recentemente falecido ayatollah Rafsanjani – à qual pertence o actual Presidente Rouhani – e a do guia espiritual, o Ayatollah Ali Khamenei, figura que detém as rédeas do poder no país. Desde 1989, só durante a Presidência de Ahmadinejad a figura de presidente não foi alinhada com a facção de Rafsanjani.
Temos portanto a confirmação de que duas figuras de proa do regime se vão afrontar em Maio, como tinha sido previsto no meu anterior artigo. Entre as medidas que já foram reveladas pelas autoridades para evitar que as chamadas ‘eleições presidenciais’ sirvam de estímulo para que a população manifeste o seu descontentamento pelo regime está o triplicar das forças especiais de repressão especialmente treinadas para fazer face a manifestações de rua e a recente proibição de emitir em directo debates entre os candidatos presidenciais.
Nas últimas eleições, a reprodução de debates não previamente filtrados pela censura levou a que elementos de facções rivais do regime tenham trazido a público escândalos financeiros de enorme amplitude que atribuíram a rivais, mas que se traduziram no acentuar do descrédito do regime perante os cidadãos, e é isso que se pretende agora evitar.
Apesar das medidas tomadas, aumenta o nervosismo dos responsáveis da ditadura religiosa perante a forte possibilidade de se verem repetidas, ou quiçá alargadas, as confrontações populares com as forças da ordem que tiveram lugar em anteriores eleições presidenciais, nomeadamente em 2009.
Parvaneh Farhangi