O presidente italiano Sérgio Matarella rejeitou a escolha de um eurocético para comandar o crucial Ministério da Economia, feita pelo populista Movimento 5 Estrelas (M5E) e pelo Liga, de extrema-direita. Ambos os partidos com maioria se negaram a escolher outro nome, o que obrigará a provaveis novas eleições.
O M5E e a Liga chegaram em um acordo para o governo; depois, escolheram o professor Giuseppe Conte para ocupar o cargo de primeiro-ministro da Itália, indicação aprovada pelo presidente Sergio Mattarella. Contudo, as coisas para o triunfo do “governo da mudança” desandaram no domingo (27), após Mattarella negar Paolo Savana, crítico do euro, como ministro da Economia.
Todos os outros ministros sugeridos por Conte e escolhidos pelo M5E e pela Liga foram aprovados pelo presidente, com exceção de Savana. A colocação de um ministro anti-euro para a Economia e as Finanças deixou os investidores europeus nervosos, segundo declarou o próprio Mattarella, que argumentou que a moeda única é algo sério e que deve ser discutido, e não mudado com um ministro.
Contudo, o veto do presidente recebeu diversas críticas, uma vez que no plano de governo o M5E e a Liga se comprometeram a não abandonar a União Europeia ou o euro como moeda, apesar de suas convicções. A polêmica gira em torno do fato de que, com essa ação, Mattarella confirmou abertamente que são os investidores e os interesses do mercado europeu que decidem pelo rumo da Itália. O veto, do qual a legitimidade pode ser colocada em dúvida de acordo com a Constituição italiana, está sendo usado pelos populistas e pela extrema-direita (M5E e Liga) para reforçar o seu argumento contra a União Europeia e seus ataques contra a classe política, uma vez que ambos se declaram “anti-sistema”.
Após o presidente reprovar Savana para o cargo, o M5E e a Liga se recusaram a escolher outro ministro, o que levou a renúnica de Giuseppe Conte do cargo de primeiro-ministro. Mattarella então indicou Carlo Cottarelli, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), como primeiro-ministro interino, que provavelmente não será aprovado pelo parlamento (onde o M5E e a coalizão de direita formada pela Liga e o Força Itália tem maioria). A solução, nesse cenário, serão novas eleições.
Por Alessandra Monterastelli | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado
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