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João de Sousa

Domingo, Dezembro 22, 2024

Jazz, bossa nova e arte contemporânea no CAMB

 

Concerto CAMB 4 (2)

 

Ao fim da tarde, a sala estava praticamente cheia para ouvir Naná Sousa Dias, no saxofone, e Paulo Mattar, no piano. No âmbito do 9º aniversário do Centro de Arte Manuel de Brito , para além da visita guiada à exposição sobre o grupo KWY, houve espaço para o jazz e a bossa nova. Os artistas interpretaram obras de Tom Jobim, Chet Baker, Duke Ellington, John Coltrane, para mencionar alguns. Para surpresa do público, durante o tema “Corcovado”, do consagrado compositor brasileiro, a cantora jazz Maria Viana brindou os presentes com a sua actuação surpresa, acompanhando os músicos.

Ao TORNADO, o saxofonista Naná Sousa Dias confessou ter pisado pela primeira vez o CAMB na ocasião, mas elogiou o conjunto de obras de arte moderna patentes no espaço. “Gosto mais desta colecção do que da do Joe Berardo”. E como combinam o jazz e a arte contemporânea? “O jazz é uma música de vanguarda, também”, diz o Concerto CAMB 2_3músico, lembrando que começou por ser uma música tocada em funerais, “passou para uma música comercial e hoje em dia é um tipo de música erudita e de vanguarda”. Recordou que o edifício era o local de férias do bisavô da esposa, cujo “espaço simpático” é complementado por “jardins espectaculares”.

O músico confessou que gostaria de actuar mais vezes no Palácio Anjos, mas com o seu quinteto. Vindo do outro lado do Atlântico, e conterrâneo do carioca Tom Jobim, Paulo Mattar não poupou nos elogios ao CAMB e à iniciativa de homenagem a Manuel de Brito: “Maravilhoso, tem tudo a ver, arte pura!” “Adorei, adorei, foi um prazer tocar aqui”, frisou. E como se combate o mau momento que a cultura em geral atravessa? “A cultura é sempre o último dos moicanos, não interessa a ninguém, porque a cultura dá habilidade e inteligência… o Brasil é um país de muita corrupção”, desabafa o artista. E diz sobre Portugal: “estou a sentir-me no paraíso”. Para mudar o preconceito de que a arte contemporânea é só para as elites, “investimento e apresentar coisa boa para o povo”, defende o artista, criticando os programas populares de fim-de-semana da televisão do Brasil, “temos que continuar lutando e fazendo coisa boa, e esta é a nossa sina de artista”.

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