Figura cimeira da pintura do Realismo, Jean-François Millet considerou sempre importante dar nota da vida mísera dos trabalhadores do campo.
Não tendo a mesma perspectiva ideológica (marxista) de Courbet, via a vida destes camponeses sem uma réstia de esperança, mostrava-os sempre cabisbaixos, ausência de olhar levantado para buscar soluções ainda desconhecidas.
Este seu trabalho é célebre pelos jogos de contra luz das figuras agradecidas pela oração do meio-dia (presume-se pelo cesto com o almoço).
Fez uma pintura sempre terrosa e de alguma opacidade, que contou com a ira militante de Baudelaire.
Em boa verdade, quero lá eu saber o que raio pensava o poeta, dos quadros de Millet.
Nota da Edição:
Jean-François Millet [1814–1875]
Pintor francês conhecido pelos seus quadros sobre temas campestres, passou a sua juventude a trabalhar a terra mas, aos 19 anos estudava arte em Cherbourg. Em 1837 chegou a Paris e ter-se-á matriculado no estúdio de Paul Delaroche onde terá permanecido até 1839.
Depois de ver rejeitada uma das suas inscrições para o Salão de 1840, Millet voltou a Cherbourg onde permaneceu durante grande parte do ano de 1941, pintando retratos.
Obteve o seu primeiro sucesso em 1844 com Laitière normande à Gréville e um pastel de grande dimensão, La leçon d’équitation, que tem um carácter sensual tal como grande parte da sua produção nos anos de 1840’.
A temática dos camponeses, que parece ser a preocupação principal de Millet a partir do início dos anos 50, fez a sua primeira grande aparição no Salon de 1848 com Le vanneur.
Em meados dos anos 60, começava a haver encomendas das obras de Millet; o reconhecimento oficial chegou em 1868, após a exibição de nove quadros de grandes dimensões na exposição de 1867.
Podem encontrar-se colecções importantes das obras de Millet no Museum of Fine Arts, em Boston e no Louvre.