Internacionalmente, João conquistou primeiro os músicos e depois o público. Com Jobim, levou a bossa nova aos quatro cantos do mundo. Muitas das principais figuras do jazz são admiradores declarados de João. Entre eles estão Miles Davis, Stan Getz, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Dizzy Gillespie, Tony Bennett, Jon Hendricks, entre muitos outros.
A influência de João Gilberto no jazz é hoje consensual, percebendo-se a sua influência em artistas como Stacey Kent ou Diana Krall. Esta última teve em João a sua primeira referência musical, afirmando que não se pode ser músico de jazz sem conhecer bossa nova. Fora do jazz, João marcou pessoas como Jacqueline Kennedy, Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre, Bob Dylan, Eric Clapton, David Byrne, Madonna ou Beck, entre muitos outros. João chegou mesmo a influenciar movimentos musicais, como o indie rock e a dance music.
Na Europa João teve sempre grande sucesso e carinho, sobretudo em Itália, onde fez inúmeros espetáculos ao vivo e para a TV, mas também na França, Espanha, Alemanha e Bélgica. Em Inglaterra, nos anos 1980, nasceu um movimento chamado new bossa, onde pontuavam bandas como Matt Bianco, Style Council ou Everything But the Girl. Em Portugal o músico atuou apenas uma vez, em 1984, num concerto de má memória onde, após horas a fazer o sound-check, criticou fortemente a acústica do Coliseu dos Recreios de Lisboa e acabou a sua performance bem mais cedo que o previsto, ainda a tempo de interpretar “Uma Casa Portuguesa”, de Amália, de quem era admirador confesso. Novos espetáculos estiveram agendados para junho e novembro de 2003, mas por motivos de saúde do músico nunca se realizaram.
João levou também a bossa nova até ao Japão. Numa série de espetáculos por todo o país, João esgotou salas e recebeu aplausos de pé até 40 minutos ininterruptos. Depois desta tournée, o Japão rendeu-se à bossa nova, um género musical hoje muito popular no país, com bastantes intérpretes e cujo movimento é liderado pela nipo-brasileira Lisa Ono.
De 1995 até o fim da sua vida, João morou num apartamento da Rua Carlos Goes, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. Em 2015 passou a ocupar também uma suite no Copacabana Palace. Praticamente nunca saía de casa e não recebia visitas, exceto da sua filha Bebel e da empresária Cláudia Faissol, mãe da sua filha mais nova Luísa. Mesmo assim, continuou fiel a antigos hábitos. “Pelo menos três vezes por semana ainda pede comida aqui”, afirmava Sebastião Alves, gerente há 40 anos do restaurante Degrau, no Leblon.
Com mais de 50 álbuns em nome próprio, 8 álbuns de tributo e 10 participações, uma vintena de participações em filmes e televisão, 5 Grammys e mais 4 nomeações, João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira foi uma estrela maior não só da bossa nova, da música popular brasileira ou do jazz. João foi um dos talentos mais sólidos e inovadores de toda a história da música, um génio simples e atormentado, que buscava a perfeição minimizando os recursos empregues. Um músico que ao longo da sua vida sempre valorizou o estádio supremo do som: o silêncio.
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