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Domingo, Dezembro 22, 2024

John Coltrane | Miles, Monk e a Impulse

José Alberto Pereira
José Alberto Pereira
Professor Universitário, Formador Consultor e Mestre em Gestão

Os anos de 1957 e 1958 constituíram um período bastante intenso para John Coltrane. No final de 1957, Coltrane trabalhou com Thelonious Monk no Five Spot Cafe de Nova York e tocou no quarteto de Monk entre julho e dezembro, tendo participado numa sessão oficial de gravação com esse grupo.

Durante este período gravou amiúde para a editora Prestige. No entanto, foi a única gravação que fez para a Blue Note, o álbum “Blue Train” de setembro de 1957, que foi considerado como o seu melhor trabalho neste período. O grupo incluía Paul Chambers e Philly Joe Jones, baixista e baterista de Miles Davis, mas também o trompetista Lee Morgan, o trombonista Curtis Fuller e o pianista Kenny Drew.

Em 1958 Coltrane voltou a tocar com Miles, num sexteto formado pelo trompetista. O som que tinha aperfeiçoado Monk mereceu do crítico de jazz Ira Gitler a designação “sheets of sound”, numa tentativa para caraterizar em palavras um som compacto que traduzia a velocidade do próprio pensamento de Coltrane, com notas tocadas em cascata, como se precipitassem umas sobre as outras. Os quatro anos que Coltrane passou no grupo de Miles, de 1955 a 1959, catapultaram o saxofonista da obscuridade local para a fama nacional. Sob os holofotes que surgiram quando tocava ao lado de Miles, Coltrane evoluiu do que muitos ouviram como insegurança vacilante para uma confiança ousada e de improviso.

A este período com Miles Davis seguiu-se um proveitoso período na Atlantic Records, começando com a edição em 1960 de “Giant Steps”, gravado apenas duas semanas depois de participar na gravação de “Kind of Blue”, de Miles Davis. Nos dois anos seguintes, foram publicados “Coltrane Jazz”, “My Favorite Things” e “Olé Coltrane”. Este foi um período em que procurou estabelecer o seu próprio som, longe da sombra de Miles Davis. Quando chegou a Nova Iorque em abril de 1960, depois de mais um compromisso na estrada com Miles, Coltrane decidiu seguir o seu próprio caminho.

Coltrane formou seu primeiro quarteto para apresentações ao vivo em 1960, com o pianista McCoy Tyner, o baixista Steve Davis e o baterista Elvin Jones. O seu primeiro disco com este novo grupo foi “My Favorite Things”, de 1961. Este disco foi também a sua estreia tocando saxofone soprano. Perto do final do seu período com Miles, Coltrane começou a tocar saxofone soprano, uma atitude pouco convencional tendo em conta que este instrumento não era bem visto entre os músicos de jazz da época. No entanto, o seu interesse por este instrumento decorre provavelmente da sua admiração pelo trabalho de Sidney Bechet e de Steve Lacy. O novo som do saxofone soprano foi para Coltrane mais um motivo de pesquisa e exploração musical.

Em 1961, John Coltrane iniciou uma profícua ligação à Impulse Records, editora onde lançou registos cruciais que são verdadeiros pilares do jazz moderno, como “Africa Brass” (1961), “Impressions” e “Ballads” (ambos em 1963), “Crescent” (1964), “A Love Supreme” (1965), “Ascension” e “Meditations” (ambos de 1966) e “Expression” (1967), o último disco pensado e aprovado por Coltrane antes da sua morte, em julho desse ano.

Ao lado do pianista McCoyTyner, do baixista Jimmy Garrison e do baterista Elvin Jones, equipado com um novo instrumento num gesto invulgar para um músico que já tinha definido uma voz no saxofone tenor, Coltrane ganha avanço na linguagem do saxofone e desenvolve um lado espiritual na sua música que teve o seu ponto alto em 1965 com “A Love Supreme”, uma das mais celebradas obras-primas da história do jazz.

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Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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