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Terça-feira, Julho 16, 2024

John Coltrane | Os primeiros anos

José Alberto Pereira
José Alberto Pereira
Professor Universitário, Formador Consultor e Mestre em Gestão

50 anos depois da sua morte, John Coltrane permanece uma figura inspiradora por ter criado uma música esteticamente avançada e espiritualmente rica.

Trabalhando em linguagens como o bebop e hard bop no início de sua carreira, foi um descobridor e esteve na vanguarda do free jazz. Liderou pelo menos cinquenta sessões de gravação e apareceu em muitos álbuns de outros músicos, incluindo o trompetista Miles Davis e o pianista Thelonious Monk. O som do seu saxofone, pensativo e sombrio, ainda é um dos mais reconhecidos no jazz moderno. A sua influência estende-se por estilos e géneros, transcendendo as fronteiras culturais.

John Coltrane nasceu a 23 de setembro de 1926 na Carolina do Norte, perdeu parte da família na adolescência e mudou-se com a mãe para Filadélfia, quando contava 17 anos de idade. Foi nessa cidade que iniciou a sua aprendizagem musical, em primeiro lugar com saxofone alto e clarinete. Foi também aí que contratou os seus primeiros trabalhos como músico, no início de 1945, num trio que tocava em bares. Ingressou na Marinha no mesmo dia em que deflagrou a bomba atómica em Hiroshima, a 6 de agosto do mesmo ano. Esteve em Pearl Harbour e fez parte da banda de swing da sua unidade, a Melody Masters.

Depois de ter sido dispensado da Marinha, em agosto de 1946, John Coltrane regressou a Filadélfia, onde mergulhou na excitação inebriante da nova música e da florescente cena do bebop. Depois de uma tournée com King Kolax, juntou-se a ele numa banda liderada por Jimmy Heath. Estudou teoria do jazz com o guitarrista e compositor Dennis Sandole, de quem se manteve aluno no início dos anos 50. Embora se tenha iniciado com saxofone alto, começou a tocar saxofone tenor em 1947 com Eddie Vinson.

A aprendizagem de Coltrane decorreu entre 1946 e 1955. Durante esse período ele era um saxofonista de aluguer, tocando em pequenos grupos e apoiando cantores de jazz e de blues. Devido ao seu crescente reconhecimento, dos grupos locais de Jimmy Heath ou Bill Carney foi passando para grupos nacionais no início dos anos 50, como as big bands lideradas por Johnny Hodges, Earl Bostic ou Dizzy Gillespie. Dizzy pediu a John Coltrane que mudasse de saxofone alto para saxofone tenor, decisão que teve forte impacto na sua sonoridade futura. Este foi um período importante para Coltrane: aprendeu a ouvir os outros músicos, ouviu Charlie Parker pela primeira vez e descobriu músicos como o pianista Hasaan Ibn Ali que lhe abriram novos horizontes melódicos.

No verão de 1955, Coltrane recebeu uma ligação de Davis. O trompetista estava novamente ativo e prestes a formar um quinteto. De outubro de 1955 a abril de 1957 Coltrane participa neste novo grupo de Miles, que ficou conhecido como “primeiro grande quinteto” e incluiu ainda com Red Garland no piano, Paul Chambers no baixo e Philly Joe Jones na bateria. Durante este período, Miles lançou álbuns influentes, que revelaram os primeiros sinais da capacidade crescente de Coltrane, tais como “Cookin”, “Relaxin”, “Workin” e “Steamin”. Entre outras razões, este quinteto desfez-se em parte devido à adição que nessa altura Coltrane já tinha com a heroína.

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Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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