A jornalista pergunta ao ministro se “o governo não se sente humilhado quando olha para o Presidente que respondeu à senhora que escreveu uma carta às entidades oficiais a pedir ajuda para a sobrinha que perdeu a mãe no incêndio de Pedrógão”. O ministro responde que não, o governo não se sente humilhado, “estamos a trabalhar no terreno desde o primeiro dia” e desfiou o rol de trabalhos e medidas que estão a ser efectuadas. …. Mas a jornalista tinha pressa e queria que o ministro lhe desse datas para as casas estarem recuperadas e o dinheiro distribuído e tudo o resto resolvido. Só faltou exigir que o ministro se comprometesse com S. Pedro ou com quem lá no Alto garantisse que não haverá mais fogos…
O ministro não quis dizer à jornalista, certamente para não quebrar o embevecimento que o Presidente provoca nos jornalistas, que o governo não compete com o Presidente, que é aliás, inultrapassável em matéria de distribuição de afectos e de selfies. Estabelecer, como se faz aqui, uma comparação entre a acção do Presidente e a do governo e extrair dessa comparação ilacções negativas para o governo é não perceber os diferentes papéis que no ordenamento constitucional português cabem a cada um da um destes órgãos de soberania.
Na situação de emergência em que o País se encontra não se espera que o governo tenha como prioridade responder directamente a cartas de pessoas afectadas, por muito justas que sejam as reivindicações. Espera-se sim que resolva os problemas das populações afectadas como está a fazer em tempo útil que não é certamente aquele que lhe exigem o PSD e o CDS e os jornalistas.
O que se passou hoje em Alijó com o SIRESP é bem o exemplo da paranóia que se apoderou da direita e dos media. O presidente da câmara, por sinal membro do PSD, acusou o SIRESP de falhas no incêndio que atacou a região. Ora, por mais que os bombeiros no local e as autoridades da Protecção Civil dissessem que as quebras de comunicação foram irrelevantes e sem quaisquer consequências, o PSD deu conferência de imprensa com o deputado de serviço aos incêndios, Abreu Amorim, a chamar a ministra ao Parlamento “com a máxima urgência” e Cristas veio dizer que são todos “incompetentes”.
Claro que Cristas e o PSD não se lembraram ainda de que há relatórios do tempo em que PSD e CDS eram governo e Cristas era ministra, em que são relatadas falhas do SIRESP que eles nunca resolveram mas lhes servem agora de arma de arremesso.
Bem pode o Presidente pedir que não se usem os incêndios como arma eleitoral mas é sermão aos peixinhos…
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