Julião construiu uma casa só de palavras. Não sabia por onde começar, se pelo chão se pelo tecto. Partiu à procura do vento. Disse-me que o vento é o segredo de uma boa casa.
Decidiu-se finalmente pelo chão por causa das raízes. E nisto andou longos meses a ver crescer a casa e as árvores.
Uma casa sem árvores é um deserto, disse ele para quem o quis ouvir.
Quando chegou ao tecto numa madrugada de flores já lá habitavam pássaros de fogo. Esta é a casa de Julião.
Está inacabada para sempre como a palavra amor. E dói como a picada da serpente.