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Sábado, Dezembro 21, 2024

Justiça grega bane partido com origem neonazista de disputar eleições

A proibição de um partido de participar das eleições é inédita desde a redemocratização em 1974, após sete anos de ditadura militar.

A Suprema Corte da Grécia proibiu, nesta terça-feira (2), a participação, nas eleições do próximo dia 21, de um partido político fundado por um ex-membro da organização neonazista Amanhecer Dourado, que cumpre pena de prisão de 13,5 anos, desde outubro de 2020.

Ilias Kassidiaris, ex-porta-voz do Aurora Dourada e líder do partido de extrema-direita Os Helenos, não poderá concorrer como candidato nas eleições que ocorrerão daqui a três semanas, nem seus partidários. Os juízes consideraram os helenos uma “continuação da Aurora Dourada”.

Kassidiaris foi deputado do partido neonazista de 2012 a 2019. Mesmo da prisão, ele havia anunciado recentemente sua intenção de concorrer a uma cadeira de deputado. Várias outras lideranças do Aurora Dourada também estão presos como membros de organização criminosa.

A decisão da assembleia da Suprema Corte, anunciada por seu presidente, Altan Kokovou, foi tomada por uma maioria de 9 votos contra 1 dos magistrados desta instituição. Outro pequeno partido de direita, o EAN, recebeu autorização do tribunal para disputar a eleição.

O porta-voz do governo grego, Akis Skertsos, saudou o que chamou de “decisão histórica” que impediria “os inimigos da democracia” de se sentar no parlamento. “É nosso dever comum proteger a democracia”, acrescentou.

A proibição de um partido de participar das eleições é uma novidade desde a restauração da democracia na Grécia em 1974 após sete anos de ditadura dos coronéis.

Em fevereiro, o Parlamento adotou uma emenda à lei eleitoral de 2021 que indicava que um partido político não pode participar das eleições se sua liderança foi condenada por pertencer a uma organização criminosa. A decisão final cabia à Suprema Corte.

Antes dessa proibição, Ilias Kassidiaris havia denunciado “um golpe de Estado inimaginável contra a democracia” ao deixar de fora da votação “centenas de milhares de eleitores” de seu partido. Os membros do Aurora Dourada foram condenados em 2020 pelo assassinato do rapper antifascista Pavlos Fyssas e outros crimes, incluindo assassinato, agressão e administração de uma organização criminosa.

Ilias Kasidiaris, porta-voz da Aurora Dourada e do partido Os Helenos, foi impedido de disputar a eleição parlamentar dia 21 de maio. Foto DTRocks/Creative Commons

Ele é um admirador do Terceiro Reich e tem uma suástica tatuada no braço esquerdo. Certa vez, ele deu um tapa em um legislador comunista na televisão. Ele prega para seus 120 mil seguidores do Youtube e por meio de mensagens de voz da prisão.

Sua popularidade atingiu o auge na crise financeira da Grécia, alarmando os parceiros europeus. O grupo estava com 10% nas pesquisas em 2013, tornando-se o terceiro partido mais popular. Em 2019 não conseguiu eleger nenhuma cadeira ao Parlamento, mas agora teria cerca de 4% dos votos, alcançando o limite de 3% necessário para garantir um assento.


por Cezar Xavier | Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

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