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Terça-feira, Dezembro 24, 2024

Kleber Mendonça e Spike Lee detonam Bolsonaro no Festival de Cannes

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

Como um dos mais importantes festivais de cinema do mundo, o Festival de Cannes, na França, já começou com a temperatura quente, ao menos politicamente, na coletiva de imprensa promovida nesta terça-feira (6).

O diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho (BacurauAquariusO Som ao Redor), integrante do júri da 74ª edição do festival e o cineasta estadunidense, Spike Lee (Infiltrado na KlanDestacamento BloodMalcolm XQuatro Meninas), presidente do júri deste ano, protagonizaram a cena política ao informarem ao mundo a destruição produzida no Brasil pelo desgoverno de Jair Bolsonaro.

Desgoverno em crise com grandes manifestações de rua pedindo o impeachment já e com a CPI da Covid desvendando uma trama sórdida envolvendo o Ministério da Saúde  e diversos políticos e militares presentes no desgoverno sobre o atraso na compra de vacinas, resultando em mais de 530 mil mortes pela covid no país, em pouco mais de um ano.

Kleber Mendonça Filho afirma que cerca de 350 mil vidas poderiam ter sido salvas se as vacinas tivessem sido compradas quando foram oferecidas a Bolsonaro e denuncia o desmonte da Cinemateca Brasileira, abandonada pelo desgoverno, que menospreza a cultura. Bolsonaro que diz estar “cagando” (isso mesmo) para a CPI da Covid.

Assista a denúncia feita pelos cineastas em Cannes, França:

Para se ter uma ideia do descaso, Mendonça Filho diz que a Cinemateca abrange 95 mil títulos do cinema brasileiro e de produções televisivas. Todo esse material corre sério risco de destruição, além das demissões das pessoas responsáveis pelo cuidado de todo esse material histórico.

Spike Lee foi contundente em sua crítica ao afirmar que estamos sendo governados por gângsteres, sem moral e sem escrúpulos. Por isso, “temos que espalhar as informações sobre gângsteres como esses”, complementa.

74º Festival de Cannes

O Festival de Cannes retomou suas atividades após uma pausa, no ano passado, provocada pela pandemia, nesta terça-feira (6) e encerra as atividades no sábado (17). A Palma de Ouro, principal troféu do festival, será disputada por 24 longas de diversos países.

Além da presença de Mendonça Filho no corpo dos jurados, o Brasil está representado na seleção oficial da disputa dos melhores curtas-metragens com os filmes Sideral, de Carlos Segundo e Céu de Agosto, de Jasmin Tenucci.

Veja os filmes que disputam a cobiçada Palma de Ouro:

  • Annette, do francês Leos Carax.
  • Benedetta, do holandês Paul Verhoeven.
  • The French Dispatch, do estadunidense Wes Anderson.
  • Tout S’est Bien Passé, do francês François Ozon.
  • Tre Piani, do italiano Nanni Moretti.
  • A Hero, do iraniano Asghar Farhadi.
  • Flag Day, do estadunidense Sean Penn.
  • Red Rocket, do estadunidense Sean Baker.
  • Petrov’s Flu, do russo Kirill Serebrennikov.
  • Memoria, do tailandês Apichatpong Weerasethakul.
  • Titane, da francesa Julia Ducournau.
  • Haut et Fort, do marroquino Nabil Ayouch.
  • Bergman Island, da francesa Mia Hansen-Love.
  • Drive My Car, do japonês Ryusuke Hamaguchi.
  • The Story of My Wife”, da húngara Ildikó Enyedi.
  • Ahed’s Knee, do israelense Nadav Lapid.
  • Compartment N. 6, do finlandês Juho Kuosmanen.
  • The Worst Person in the World, do norueguês Joachim Trier.
  • La Fracture, da francesa Catherine Corsini.
  • Les Intranquilles, do belga Joachim Lafosse.
  • Les Olympiades, do francês Jacques Audiard.
  • Lingui, do chadiano Mahamat-Saleh Haroun.
  • Nitram, do australiano Justin Kurzel.
  • France, do francês Bruno Dumont.

Texto em português do Brasil

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