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Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

Laura Lopes

Helena Pato
Helena Pato
Antifascistas da Resistência

N. 1923

Foi professora, jornalista e advogada. Defendeu presos políticos, durante a Ditadura. Como advogada dedicou-se ao Direito de Família e Direito Criminal. Bateu-se contra o fascismo empenhadamente e desde jovem. Foi uma das fundadoras do Movimento Democrático de Mulheres, em 1969, e do Conselho Português para a Paz e a Cooperação, em 1973.

Biografia

Nascida em Lisboa numa família operária, aprendeu muito cedo o que era a guerra e a repudiá-la. A infância e a juventude foram o terreno fértil de onde surgiram os ideais da vida adulta: no dia 9 de Abril de 1949, então com 26 anos, pratica o seu primeiro acto público de luta pela Paz. Nesse dia em que se evocava a batalha de La Lys, particularmente cruel para os soldados portugueses, o regime fascista homenageava-os junto do monumento aos Mortos da Grande Guerra, na Avenida da Liberdade. O MUD Juvenil decide prestar-lhes também o devido tributo: mal termina a solenidade oficial, Laura Lopes – que integrava o núcleo do MUD Juvenil na Faculdade de Direito – coloca no pedestal da estátua um ramo de flores com um pequeno cartaz, onde se lia “A Juventude Luta pela Paz”. Cinco dias antes, o Portugal fascista participava na fundação da NATO. Desde então, Laura Lopes nunca mais deixou de defender activamente os valores da Paz.

No final de 1952, com Vasco Cabral e Manuel Valadares, integrou a delegação do movimento da Paz português ao Congresso dos Povos para a Paz, em Viena, acontecimento que a marca profundamente. Já no ano anterior, fora uma das proponentes da candidatura presidencial de Ruy Luís Gomes – candidatura que defendia, pela primeira vez de forma pública, uma política de Paz e independência nacional, em tudo oposta à submissão da ditadura à política externa belicista dos EUA. Pela sua ousadia, seria anos mais tarde demitida do ensino.

Movimento da Paz

Subscritora e apoiante activa de todas as campanhas promovidas pelo movimento da Paz ao longo dos anos, activista da Comissão Democrática Eleitoral (CDE) e participante no III Congresso da Oposição Democrática em Aveiro, Laura Lopes foi uma das fundadoras do MDM (1969).

Viveu por um curto período, em Paris, onde se ligou à Comissão Nacional da Paz e Cooperação, constituída fundamentalmente por exilados políticos, e que intervinha simultaneamente em Paris e em Portugal.

Pouco antes do 25 de Abril, participou, em Sófia, na Assembleia do Conselho Mundial da Paz, acompanhada pelo escritor Urbano Tavares Rodrigues e pelo filósofo Vasco Magalhães Vilhena.

Laura Lopes, de 74 ao presente

Depois do 25 de Abril foi consultora jurídica do Ministério da Comunicação Social junto da Comissão de Saneamento da Emissora Nacional e, posteriormente, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil.

Na década de 80 é uma das fundadoras do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), pertenceu à sua Direcção Nacional e integrou a sua Presidência. Ajudou a criar a «Comissão de Desarmamento» do CPPC e participou em diversas iniciativas internacionais relacionadas com a defesa da Paz, quer em representação do CPPC, quer de outras organizações e movimentos, tais como o Movimento Democrático de Mulheres. Entre elas, destacam-se a Conferência das Mulheres para a Segurança e Cooperação na Europa, realizada em Helsínquia, e em reuniões, congressos, assembleias e encontros em diversos países do Mundo.

Colaborou no Notícias da Amadora; e no Diário de Lisboa até ao seu desaparecimento, abordando o tema situação jurídica da mulher casada e, após o 25 de Abril, os problemas da luta pela paz e a corrida aos armamentos.

Colaborou ainda nas revistas Jornal Magazine da Mulher, na década de 1950, no Modas e Bordados e Mulheres com a rubrica A mulher e a Lei.

Escreveu em várias publicações artigos sobre a defesa da Paz, a corrida aos armamentos, a segurança e a cooperação europeias, os mesmos temas que a levaram a percorrer o País em debates e conferências.

  • Em 1977 publicou um livro: A mulher, a Família e a Lei.
  • Em 2017 publicou Folhas Soltas de uma Vida, Memórias de uma Mulher do Século XX. Edições Colibri.



Em 2014 foi homenageada pelo CPPC.

Dados biográficos:

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