O presidente golpista, Michel Temer, e o seu ministro interino da Cultura, Marcelo Calero, são duas dessas pessoas.
Na última terça-feira (26), publicação no Diário Oficial da União comunicou as exonerações de 81 ocupantes de cargos comissionados no MinC (Ministério da Cultura), entres eles Olga Futemma (Diretora da Cinemateca Brasileira desde 2015), que seria substituída por Oswaldo Massaini Filho, acusado de estelionato.
Calero negou que as baixas tivessem motivação política, chegou a alegar que estava atendendo a uma “reivindicação da sociedade”, trocar os ocupantes dos cargos por servidores de carreira. Afirmou que logo seriam publicados editais de concursos.
Vale revelar que Olga Futemma já tem 32 anos de serviço no MinC, portanto, os excluídos não integravam uma casta de privilegiados, nomeados arbitrariamente nos Governos Lula ou Dilma. À exoneração seguiu-se “cancelamento”, de fato e indireto, da programação cultural oficial das Olimpíadas 2016, anunciada em maio pelo Ministro Juca Ferreira. Os produtores culturais e artistas, que estavam entregando suas obras ou preparando-se para a estreia no evento, caso do músico Hermeto Paschoal, foram abandonados à própria sorte, com dívidas e compromissos financeiros acumulados com terceiros.
Efeitos especiais e teatro gratuito
Entre as atrações canceladas, estava o Festival de Luzes, que apresentaria o encontro mitológico entre Poseidon e Iemanjá, que transformaria o Pão de Açúcar em um vulcão. Alexis Anastasiou, autor da instalação e sócio da produtora Visual Farm, foi informado de que o festival foi cancelado há cerca de 15 dias.
E não foi o único. O italiano Giancarlo Neri remontaria sua instalação “Bar Paris” na Praça Paris, na Glória. A obra foi exibida pela primeira vez na Sicília, em 2010.
No Palácio do Catete, seria reencenada a peça “O tiro que mudou a História”, de Aderbal Freire-Filho e Carlos Eduardo Novaes. Sucesso no início da década de 1990, o espetáculo encena os últimos momentos de Getúlio Vargas. Estavam previstas cem apresentações gratuitas ao longo de dois meses, de terça a domingo.
Protestos da Cultura e da sociedade
Calero encarou manifestações e protestos, encabeçados pelos profissionais da Cultura, e argumentou que a antiga programação extrapolava o orçamento. Acabou anunciando uma nova e improvisada programação, que descumpre contratos anteriores.
Já no que se refere aos exonerados, a pressão levou-o à recapitulação. No sábado (30), o ministério informou, por meio de nota, que tornará sem efeito a exoneração de Olga Futemma por ela ter “se destacado na gestão deste imprescindível órgão de preservação da memória de nosso audiovisual”. Ela é servidora de carreira aposentada do ministério, no qual ingressou em 1984. A Cinemateca Brasileira é responsável pela preservação da produção audiovisual brasileira.
Segundo o ministério, os outros quatro técnicos também serão reconduzidos a seus postos por possuírem competências técnicas dificilmente encontradas em outros integrantes do corpo funcional do ministério.
As renomeações não salvaram a programação. Infelizmente, nossas Olimpíadas terão menos brilho e nossos agentes culturais terão que enfrentar o mesmo desmonte que o interino está impondo a outras áreas.
Por outro lado, a cultura, muito ativa, mandou o recado: não mexa conosco! A recontratação prova que a luta é na rua e que quem briga tem alguma chance de recuperar o perdido. Então vamos à luta democrática recuperar o perdido, enquanto é tempo.
Para concluir, voltando a aspectos favoráveis ligados à competição, quem não tiver ingresso poderá assistir a programação esportiva gratuita, ao ar livre.
Fontes: O Globo, Brasil de Fato, Agência Brasil
Nota: a autora escreve em português do Brasil