Uma jornalista da televisão marroquina foi demitida por dizer na emissão em directo “Sahara Ocidental”, explica em comunicado a cadeia Medi1TV.
Soumia Dghoughi, jornalista responsável pela produção e apresentação do programa “Africa Soir”, transmitido ao vivo na sexta-feira à noite “usou o termo Sahara Ocidental para se referir às províncias do sul do reino, em vez do termo Sahara marroquino” explicou o comunicado, divulgado na noite de domingo pelo canal privado.
Após ter dado conta deste “erro profissional” da jornalista, a cadeia tomou medidas administrativas “rígidas” e decidiu a “sua suspensão imediata de funções, enquanto se aguarda a conclusão de todas as investigações profissionais e administrativas” que deverão “esclarecer as circunstâncias deste acto inaceitável e tomar as medidas legais indicadas”, acrescenta o texto.
“Liberdade de Imprensa”
A nota reconhece que a jornalista se referiu ao Sahara Ocidental “por engano”, mas acrescenta que é “um erro inaceitável que contradiz a linha editorial do canal”.
Não é a primeira vez que um jornalista é sancionado em Marrocos por utilizar o termo “Sahara Ocidental”, mas é a primeira vez que é dada tanta divulgação do caso, até mesmo através da agência morroquina oficial a MAP.
Nas redes sociais, muitos colegas falaram sobre o caso de Soumia Dghoughi, uma jornalista com vasta experiência e, apesar de mostrarem simpatia para com ela, a maioria das opiniões publicadas dizem que acreditam que tais erros devem ser punidos.
Em relação à questão do Sahara, a linha oficial impõe uma terminologia em que não se encaixam expressões como “territórios ocupados” ou “República Árabe Saharaui Democrática” e é considerado obrigatório preferir-se o uso de “Sahara marroquino”, ou “a causa nacional” ou “províncias do sul”.
A terminologia correcta é Sahara Ocidental, expressão utilizada pelas Nações Unidas e referida em todos os documentos, relatórios, e reuniões desta organização, da União Africana e da União Europeia.
Em entrevista à AFP, no domingo à noite, Dghoughi informou que soube da notícia pela comunicação social e declarou-se “surpresa por não ter sido contactada anteriormente pela cadeia”.