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Domingo, Novembro 3, 2024

Já assávamos o Pato de Estabilidade

João Vasco AlmeidaOutra vez o corte nas pensões e a baixa de salário mínimo. Para o Pato de Estabilidade passar, é isto que “bruxelas” exige.

Para os meliantes do norte, teremos de poupar mais mil milhões de euros este ano: o alvo têm de ser os reformados, outra vez, e a malta do ordenado mínimo, que aquele aumento de 25 euros foi a machadada final para a nossa economia.

O Pato de Estabilidade é uma coisa inventada. Dantes chamava-se Pacto de Estabilidade e Crescimento, mas como isso do crescimento está fora de causa, basta o Pato.

Genial, genial é dizer que o novo salário mínimo aumenta o desemprego de longa duração. Vê-se logo que os 300 euros a mais, por ano, que as empresas têm de pagar (600 vá, algumas) é uma catástrofe. Nada que se compare ao que o Estado teve de enfiar nos BES deste mundo.

Andam aí vozes a criticar a Câmara brasileira e o comportamento dos deputados federais. Pois é preferível um palhaço a um hipócrita. Ao menos o palhaço declara-se palhaço. Canta e vota contra Dilma. Aqui, não. O esquentador Junckers, líder da Comissão Europeia para a Destruição da Europa tem a cara de malandro e a voz melífera que o afasta, na forma, dos outros de Brasília. Mas é mais rosqueiro que eles: criou no Luxemburgo um país de fuga ao fisco e nunca defendeu povo coisa nenhuma.

Costa está bem tramado. O caminho que isto leva fará do Bloco o grande Syriza português, porque Catarina já percebeu o Pato, já o vê às voltas sem solução, já topa os dentes afiados da direita a recusar-se votar nas medidas necessárias.

pato
O pato

O nosso parlamento, em breve, estará esgarçado e menos divertido do que o brasileiro. Assaremos primeiro os reformados, os trabalhadores baratos e, muito provavelmente, o governo de Esquerda que ainda acredita que pode assar o Pato.

O PS arrisca-se a ter na rua os sindicatos, os reformados, os jovens, os pais dos jovens, os patos revoltados. Acabou-se a lua-de-mel se nos cair um limão a rechear-nos de austeridade outra vez. Ninguém, entre os socialistas, quer decerto que tudo corra mal, mas há um limite para a paciência dos portugueses. A ideia de ter os combustíveis mais caros da “europa” já começa a fazer mossa. As benesses fiscais que o Governo prepara para as transportadoras da fronteira, numa tentativa de evitar abastecimentos em Espanha é discriminatória. Em breve, tal como aconteceu no caso BPI, a legislação será avulsa e cheia de diplomas para casos específicos, o que é anti-constitucional.

Se há inteligência no Governo, que anda com o Presidente a fazer o circuito dos penitentes, entre Atenas e Paris, para granjear apoios à causa, falta arranjar a faquinha para dar o golpe de misericórdia no Pato. Ou iremos a assar.

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