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João de Sousa

Sexta-feira, Novembro 1, 2024

Livre, Independente, Criador

Entrevista conduzida por Manuela Gonzaga a Delmar Maia Gonçalves

Moçambicano, escritor e poeta de créditos firmados no mundo lusófono e muito para lá dessas fronteiras linguísticas, Delmar Maia Gonçalves é um ser livre que, por isso mesmo, tem feito da palavra a sua maior e melhor arma. Construtor de pontes entre gentes de vários continentes, que têm no Português a sua forma de expressão privilegiada, fundou em 2010 o Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD), onde se integram os Encontros de Escritores Moçambicanos na Diáspora (EEMD), Galas, Festivais, Tertúlias, Conferências, Exposições, Debates, Ciclos de Cinema, Música, Prémios, Galardões e a edição de livros, revistas e jornais. Mas a sua acçao vai muito mais longe. Escutá-lo é uma inspiração. Ouvi-lo, um enorme prazer.

Manuela Gonzaga

Manuela Gonzaga: Já te ouvi dizer várias vezes e com uma enorme convicção: “a minha escolha é ser livre” Aliás, a liberdade é um tópico recorrente nas tuas intervenções. Como a vives?

Delmar Maia Gonçalves: Sabes que ser livre é e sempre foi uma escolha arriscada. Aliás, liberdade é responsabilidade, por isso muitos têm medo da liberdade. Nós vivemos em sociedades medíocres comandadas por gente medíocre e em que a alienação material e psicológica lidera tudo. Nós não vivemos, nós sobrevivemos. Estamos condicionados por antecedência. Eu recuso-me a fazer parte do rebanho. Se há riscos? Claro que há! Podemos ser excluídos pelo rebanho e pelos chefes do rebanho. E facilmente te transformam naquele que se auto-excluiu porque se arma em esperto! A verdade é que vivo a liberdade por mim e por todos, não é para confrontar por confrontar. Quando algo está errado com quem nos comanda, temos de reagir e reclamar, porque qualquer erro se amplia com o tempo, qualquer maldade se reproduz com facilidade e qualquer acto de incompetência traz consequências. Entendo a liberdade como o respeito da liberdade do outro, que também deveria respeitar a minha liberdade, a nossa liberdade. E é esta a extensão da liberdade que pratico na literatura. Há quem não goste e não a compreenda, infelizmente. Ainda há muitos analfabetos funcionais.

A nossa vida, mesmo quando não temos consciência disso, é feita de escolhas. No teu caso, quais são ou foram os passos mais determinantes que norteiam essas mesmas escolhas? Aqui reporto-me às tuas palavras: “Quero ser livre e quero trabalhar em prol de um Moçambique melhor, mais livre e mais justo, não só na teoria, mas também na prática!”.

A minha opção por ser livre nasceu em Moçambique porque a minha família apoiou a independência, manifestou-se contra as injustiças em todas as circunstâncias, mas depois de sair do país, percebemos melhor o outro lado da questão, a outra face da mesma moeda. Havia e há moçambicanos válidos exilados, imigrados, emigrados, refugiados fora daquele espaço geográfico e que amam igualmente a sua pátria. Muitas vezes apenas por não pertencerem ao mesmo partido, ao mesmo clube, por não partilharem a mesma ideologia e modus operandi do partido hegemónico no poder, ou até por não se sentirem seguros para regressarem ao seu país natal, onde tenho a certeza poderiam ser muito úteis. Depois, quando edito, premeio, promovo e divulgo escritores moçambicanos estou a contribuir na prática para o meu país. Portanto, não me fico pela teoria ou num programa de intenções vazio de coerência. E sempre gostei e gosto de fazê-lo sem quaisquer amarras. Livre e independente.

Fundaste o Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD), que agrega gente da Lusofonia e de todas as artes, da poesia à pintura, do romance à música e ao cinema… fala-nos desse maravilhoso projecto. E explica-nos o porquê do vocábulo “Diáspora”.

Em 2008, realizei o primeiro Encontro de Escritores Moçambicanos na Diáspora (EEMD) na Casa de Goa em Lisboa. Foi um sucesso estrondoso e em 2009 repeti a dose no mesmo local realizando o segundo Encontro, também com enorme sucesso. Em 2010, decidi com a Vera Fornelos criar e registar no Notário de Benfica/Lisboa o Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD). Um projecto bonito que inclui os Encontros de Escritores Moçambicanos na Diáspora (EEMD), Galas, Festivais, Tertúlias, Conferências, Exposições, Debates, Ciclos de Cinema, Música, Prémios, Galardões e a edição de livros, revistas e jornais. Ouvir as opiniões de Noémia de Sousa, Ascêncio de Freitas, Jorge Viegas, João Craveirinha, Lívio de Morais e Miguel Mkaima foi importante na altura anterior à fundação da associação e posteriormente também. Neste projecto agregamos de facto escritores e artistas de todo o espaço lusófono. Isso talvez não tenha agradado a alguns pulhetas que pululam por Lisboa desfilando apenas os seus egos cegos e a sua marcha vazia de coerência e carregada de hipocrisia.

Sobre o termo “diáspora” que poucos entendem e por isso são seus inimigos, ele exprime a realidade do país e do mundo. Todos os povos, por uma razão ou outra, possuem as suas diásporas. Há Moçambicanos na diáspora e em diáspora. Por várias vezes, alguns intelectuais moçambicanos me tentaram convencer a retirar a palavra Diáspora do nome da associação. Recusei-me a fazê-lo. A maioria dos moçambicanos diaspóricos já nasceu fora de Moçambique. Mas isso é algo que na primeira República (popular) que reclamava para si o socialismo científico de modelo “Estalinista” ―com campos de reeducação, xambocadas, rusgas, perseguições, fuzilamentos, guias de marcha, lojas do povo (do racionamento) e ausência de liberdade de expressão e de reunião ―, não aceitava. De resto, quem saía de Moçambique era traidor da pátria. Mas como sabe houve reviravoltas por lá. Hoje já existem deputados eleitos na diáspora e a representarem a diáspora no Parlamento. Passou-se do ideal de um socialismo científico para um capitalismo selvagem, sem qualquer regulação dos abusos e excessos dos “novos proprietários” do país; e do monopartidarismo para o pluripartidarismo, mas no fundo, bem lá no fundo, a mentalidade “totalitarista” ainda permanece. Mesmo com uma nova Constituição de um Estado de Direito democrático. O povo moçambicano ainda não se reconciliou, infelizmente. Espero que um dia isso suceda.

Moçambique é terra mãe que invocas, homenageias e eternizas nos teus livros de poesia e prosa. Também já te ouvi dizer, com frequência: “quero trabalhar em prol de Moçambique para concretizarmos esse sonho de uma sociedade mais justa. Não na teoria, mas na prática”. Como defendes, no concreto das iniciativas que levas a cabo, o teu país tão remoto e tão presente na tua vida?

Nas iniciativas que levo a cabo a inclusão é a palavra de ordem. Ninguém ficará de fora por ser comunista, cristão, democrata, democrata, frelimista, renamista, fumista, socialista, esquerdista, direitista, ateu, muçulmano, cristão, judeu, hindu, budista, animista, universalista, homossexual, heterossexual, transgénero, homem ou mulher. Só nos interessam as obras literárias, a produção literária e o respeito de princípios éticos. E isto é válido para todos, sejam moçambicanos ou não moçambicanos convidados. Expulsámos um guineense profundamente cobarde, nojento e abjecto por não respeitar princípios éticos nas relações humanas e na sociedade civilizada. Na verdade, já tem um histórico conhecido no seu país natal. Agiu como se estivesse (na selva, na pré-história) na época das cavernas em que lutavam por um osso. Não vale tudo na vida! O ser humano evoluiu. E não foi só exteriormente. Cobiça, inveja, falta de juízo, ambição desmedida, falta de vergonha na cara, maldade, bufaria, psicopatia, tudo junto no mesmo indivíduo. E para ele e seus cúmplices, as portas fecharam-se estrondosamente de uma vez e para sempre. Mas sabemos os contornos de toda a triste “estória” e conhecemos os seus cúmplices moçambicanos, entre outros. Do mesmo modo quem atentar e actuar contra a dignidade dos moçambicanos é expulso na hora. Não haverá contemplações.

Qual das tuas obras foi a mais marcante? O que te inspira e move e comove?

Da minha biografia literária nunca apagarei nenhuma obra. Por mais insignificante e insípida que seja. Todas elas são importantes no meu percurso. “Mestiço de Corpo Inteiro” é uma obra emblemática porque tenho orgulho em ser o que sou e por outro lado, é também importante para o estudo do fenómeno racista contra os mestiços chamados mulatos. No entanto, julgo que “Entre dois rios com margens”, “Fuzilaram a utopia”, “Mares de olhares em mestiçagens de poesia” e “Sempre tive pressa do porvir” dizem-me muito mais. Talvez por ter mais claro o que pretendo da e na literatura e ainda por ter definido melhor o meu caminho na vida e na sociedade. Na verdade, redescobri-me como o dadaísta convicto que sempre fui. Como diria Michaux “Je ne delibere pas. Jamais de retouches, de correction.” Escrevo para me descondicionar. Na poesia encontrei o meu amparo. E a poesia é sem dúvida o modo ou a relação muito íntima, primordial e vital de cada um de nós com o mundo. Não sou nem nunca fui esteta! Mas também não quero ser. Não vivo obcecado com a estética. Nunca serei deliberadamente hermético.

És um grande poeta e escritor. A tua já vasta obra está presente em vários países. Sei que é vocação quase de berço e que uma professora foi fundamental nessa descoberta das letras como percurso de vida.

Agradeço a generosidade. Bem, já o disse em ocasiões anteriores que a minha descoberta do Eça de Queirós foi na Biblioteca Municipal de Quelimane e que foi fundamental para o meu gosto pela leitura. Mas ainda em Quelimane tive um professor de Português no 5º e 6º anos de nome Jafar que puxava muito por nós na gramática e dizia-se cooperante indiano. Um homem muito exigente. Tremíamos todos nas provas orais. Já em Portugal, uns anos depois, tive de facto uma professora, de nome Gabriela Moreira, de Português, Latim e Francês(onde eu tirava excelentes notas) que me incentivou muito a escrever, a estudar e dominar as figuras de retórica. E incentivou-me a participar em concursos literários, a declamar poesia e a expor-me oralmente. Mais tarde também me fez alguma revisão de texto por via das aulas de Português. Jamais me esquecerei, foi do melhor que me aconteceu numa fase em que eu só pensava “Quando é que volto para Moçambique?”

Defendes que a literatura e a arte no seu geral, são (também) armas políticas?

Não sou eu quem o defende. Desde sempre foi assim e a culpa é dos maus políticos, dos maus dirigentes, da promiscuidade entre a política e a alta finança ou dos permissivos medíocres das sociedades humanas. Era suposto os poetas e escritores ocuparem-se do belo. Mas é impossível dissociar-se o poeta do cidadão, o escritor do cidadão. Não há lugar para a indiferença. Regra geral os poetas e escritores são porta-vozes visionários do povo. Falo de poetas de verdade e não pulhetas e bufos infiltrados na literatura. Um poeta que se preze é sempre defensor do seu povo e do seu país e também por isso, do belo! Defende sempre a verdade e a ética. Eu ainda acredito na palavra de honra, no respeito pela família que considero sagrada e no respeito recíproco que traz alapada a tolerância. Nos últimos 45 anos transformaram a mentira como arma de uso na política sem consequências. Mentir é algo “normal” em política em termos convencionais. Triste e vergonhoso.

Como escritor, poeta e activista, que constrangimentos tens enfrentado para manteres a coerência entre actos e palavras?

Um amigo mais velho de uma proeminente família das literaturas de quem tenho evitado falar, porque nunca gostei de criar constrangimentos para os outros, pois já bastam os meus e as minhas lutas, alertou-me, desde o princípio, para os problemas que teria ao criar o Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD). O associativismo tem destas coisas. Da inveja, à perseguição, do plágio à cobiça, da psicopatia à maldade e da política suja à sociopatia. De tudo um pouco. Decidi arriscar e cá estou! É a minha missão, é o meu destino. Aceito-o. Se tiver de enfrentá-los podem contar comigo. Não hesitarei. Não é fácil manter a coerência. Vivemos em sociedades onde reinam o cinismo e a hipocrisia. A indiferença tomou conta das pessoas. Há uma enorme crise de valores. Quer-se estar bem com Deus e o diabo. Estamos sós! Mas de uma coisa podem ter a certeza, fui, sou e serei sempre contra a hipocrisia e a incoerência. Não as concebo na minha vida. Por isso nunca me calarei. Mesmo do túmulo hei-de falar, sempre!

Vivemos uma época em que a classificação dos seres humanos entrou numa minúcia que, pelo seu exagero, até roça a perversidade. Os rótulos tornaram-se obrigatórios, quase como o código de barras nos produtos vendáveis. Achas que ser-se militante de um partido ou recusar em bloco todos eles; integrar-se um clube ou não ser de clube nenhum; bem como e ainda!!, e até, a cor da pele, são, e só por si, óbices ou traços de união? Como lidas com esta floresta de conceitos e preconceitos?

Na sociedade actual são óbices. Sempre vi como óbices para muita gente. Para mim não! Digo já que me estou borrifando. Afirmarei sempre a minha independência e liberdade individual. Sou livre e não tenho preconceitos. No entanto, onde estiver o povo, sempre ignorado, lá estarei. Por vezes teremos de ser inteligentes e usar da moderação, mas sem nunca esquecer a coerência e a ética, fundamentais na sociedade. Teremos de estar sempre acima dos conceitos e preconceitos. E isso não é fácil! É necessária resiliência e prontidão para a luta! Já agora, no desporto sou sportinguista. Mesmo que perca, serei sempre do Sporting! Mas não consigo odiar ninguém por ser de outro clube. Sou mesmo assim.

Porquê e ainda, a perseguição a quem está fora da tão esfarrapada norma?

Desde tenra idade, conheci pessoas de todas as etnias, raças, géneros, condição social e opções/orientações políticas, religiosas, filosóficas e sexuais. Nunca as diferenciei, nunca as discriminei, nunca as julguei. Apenas olhava e olho para o seu valor e ética, para o que defendiam e defendem para a sociedade. Ainda hoje o faço. Não faz sentido a perseguição, a intolerância e a ausência do respeito recíproco. Tudo isso me choca e me indigna. Lamento. Prezo muito a dignidade das pessoas. Só não consigo respeitar pulhas e bandidos e infelizmente há-os também na literatura e sem ética alguma. Felizmente como bom dadaísta que sou, transgrido a norma naturalmente e sou feliz assim. Sou um humanista de verdade.

Os artistas são, de forma abrangente, gente generosa? Tu que traças tantas pontes entre todas as formas de arte e acolhes nos teus projectos pessoas de todas as suas manifestações, o que tens a dizer sobre isso?

Sim, em geral há muita gente generosa na área artística, contudo há também muita gente excessivamente egoísta, egocêntrica, interesseira, cínica, cobiçosa e invejosa do sucesso alheio. Eu próprio e a organização que fundei e presido, fomos vítimas de uma tentativa grave de destruição e assalto, cheio de subtilezas que no pacote incluíam ainda a destruição da minha família também. E foi comandada pelo tal guineense pseudo-poeta ou pulheta sem vergonha com apoio cúmplice de cobardes e cínicos moçambicanos e portugueses. Portanto, gente muito ruim que se auto-proclama da área artística, mas gosta de viver condicionada e alienada. Vivem da exclusão dos outros.

Tens um curriculum impressionante. Fala-nos do teu percurso e de algumas das tuas iniciativas que já são referência no mundo lusófono e não só. E das pontes que criaste entre povos e nações de língua portuguesa.

Olha, eu tenho um curriculum que fui construindo paulatinamente, com muito trabalho, dedicação, carinho, honestidade, ética, resiliência e empenho. Sem atropelar ninguém, sem pedir licença ou autorização a ninguém. E desse curriculum destacaria ainda o facto de ter elevado e promovido comigo um infindável e numeroso grupo de artistas entre escritores, poetas, artistas plásticos, cineastas e académicos. E isso não é para qualquer um. Ao criar o Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD), propus-me promover e elevar a cultura moçambicana no exterior e isso inclui como é óbvio o encontro e as pontes com toda a lusofonia. Os Encontros de Escritores Moçambicanos na Diáspora (EEMD) anuais são o expoente da nossa organização com conferências, debates, apresentações de livros, premiações, galas, entrega de reconhecimentos, edição de livros. Depois, através de uma parceria com a Mujeres Poetas Internacional da República Dominicana, temos promovido e organizado anualmente em Lisboa o Festival Grito de Mujer, onde premiamos e reconhecemos mulheres, além de publicarmos uma revista do Festival. É evidente que a dinâmica e a originalidade da nossa organização agitaram Lisboa e hoje vêem-se organizações sem vocação nem foco para a área cultural a reproduzirem e imitarem tudo o que fazemos desde 2008. Falo com propriedade, pois antes não existia este dinamismo. Os egos de alguns iluminados tornavam impossível a promoção de escritores em grande escala e diversidade num mesmo momento. Na verdade, olhando para trás, via anualmente congressos na Fundação Calouste Gulbenkian ou conferências internacionais ou encontros promovidos pelos ministérios da Educação e da cultura portugueses, ou pela Casa Fernando Pessoa ou pelo Instituto Camões ou pela CPLP ou ainda pela UCCLA, mas sempre com os mesmos tristes protagonistas. Ficava tudo em família. Nessa pobreza franciscana, via apenas a confirmação de intenções dos que queriam e querem as nossas literaturas como eternamente menores. Para isso, havia que promover os alienados do costume. Uma elite que já era privilegiada nos corredores dos poderes instalados na CPLP. Sempre supus que diziam sussurrando em gabinetes doirados “Estes são os eleitos. Coitados, são tão poucos de qualidade… !” ou ainda “Estes sim, têm qualidade, mas são únicos! Não podem vir todos, não é?”

A terminar: como conseguiste pôr em movimento essas “máquinas de sonhos”? É que são tantas as iniciativas, tantas as pessoas envolvidas, tantas as ligações que traçaste e ergueste entre a lusofonia, que quem não te conhece facilmente te imagina dispondo de “gabinete de apoio” a funcionar a tempo inteiro, com muita gente e muitas verbas … o que não acontece de todo.

Como dizem os poetas de verdade, “O sonho comanda a vida, não é?

Mas foi e tem sido essencialmente um investimento pessoal desde sempre. Um investimento em tempo e dinheiro. Mas não me arrependo. Nunca fui atrás de instituições oficiais para nos financiarem os eventos ou as edições de livros, nem às embaixadas a pedir dinheiro fosse para o que fosse. Na verdade, certa vez tivemos um apoio simbólico de 200 euros de uma fundação privada para edição de uma revista (Milandos da Diáspora) além de canetas e capas. Posteriormente oferecemos 20 exemplares dessa revista à instituição em causa. Ficaram espantados connosco, pois segundo eles, era a primeira vez que um financiado apresentava o produto do seu financiamento, ainda que simbólico. Por outro lado, mantemos protocolos com várias instituições nacionais e internacionais muito credíveis. E iremos continuar a diversificar essas relações em todo o mundo. Jamais ficaremos só pela lusofonia. Quando coloquei os símbolos oficiais da Embaixada da República de Moçambique em cartazes nossos foi para dignificar e engrandecer Moçambique no exterior. De resto sempre convidamos os embaixadores e adidos culturais para os nossos eventos para o acto de abertura ou encerramento.


por Manuela Gonzaga, Historiadora, mestrado em História da Expansão Portuguesa e doutoranda em História Contemporânea na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é investigadora no CHAM e integra o Grupo de Estudos do Trabalho e dos Conflitos Sociais do Instituto de História Contemporânea


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