Ao ler o livro Poemas & Prósias, de Antônio Carlos Queiroz, o ACQ, vêm à mente reflexões importantes sobre o sentido da vida e a necessidade da poesia e da arte para que ela possa ser melhor vivida. Mesmo que os trocadilhos sejam pobres.
Com uma capa, de Mariosan, na qual chama a atenção a gata preta, o convite à leitura se sobressai. Primeiro para entender o sentido – ou não – da capa. Depois se embebecer com os poemas com muita delicadeza, bom humor e conteúdo.
Afinal quem lê poesia em plena era cibernética? Qualquer pessoa que tenha sentimentos de humanidade. Pessoas que saibam contemplar o céu, as estrelas, o sol, o cotidiano, a lua, o ir e vir para o trabalho e do trabalho para casa, enfim tudo o que nos remonta à vida deste planeta que não tem nada de plano. Afinal,
“Os poetas desejam
criar mundos novos
sem se importar
com a interpretação”
Qual o sentido de tantas palavras ditas e não ditas – nas entrelinhas – dos grandes poetas de todos os tempos? Sim, escrever poemas não é para qualquer um. Como disse Umberto Eco: “todos os poetas escrevem poesia ruim. Os maus poetas publicam, os bons poetas jogam no lixo” (consta no livro).
ACQ, um jornalista poeta (ou é o contrário?), remete-nos ao raciocínio sobre o sentido de tantas palavras, como no colégio (atual ensino médio) um professor de Biologia, velhinho simpático, do qual infelizmente a memória perdeu o nome, contou um segredo: as “palavras significam” e por isso devem ser conscientemente usadas.
E nos poemas do ACQ, as tantas palavras que se conheciam e se conhecem tocam nossas mentes e nossos corações, como somente os bons poetas conseguem, para vislumbrar uma luz no fim, no meio e no começo do túnel desta louca viagem que é a vida.
Porque “o sol nasce para todos”. E, por isso, “somos parentes!” Afinal somos todos parentes na evolução da vida.
“E sobre a Ética do Spinoza
a luta contra o capitalismo
os filmes do Fellini
os quartetos do Beethoven
os poemas do Drummond
a edição genética
os textos do chatGPT
as teorias da matéria escura
os chiliques de Betelgeuse
e o colapso do Sol”
Com poemas inventivos, cada palavra bem colocada e o sentido dado, somos levados tanto ao deleite quanto a pensamentos. Como na canção de Lupicínio Rodrigues, “o pensamento parece uma coisa à toa, mas como a gente voa quando começa a pensar”.
E os poemas e as prósias de ACQ nos fazem voar nos pensamentos e sonhos e ir além. Para onde o sentido da vida não se dê pelo que se tem, mas pelo que se é ou deseja ser. O sentido presente nas entrelinhas das artes.
E segue a toada com as “esperas do passado com sabor de oportunidade perdida”, porque, sim, como diz Belchior, “na vida é muito pior” e, então, “A PM me deu novo nome, também proparoxítono. Até ontem eu era Fátima, agora sou Estatística”, em poesia do ACQ. Porque “se você é preto, pobre ou puto, cuidado cos guardas da esquina”. E bota cuidado nisso, como mostram todas as estatísticas, policiais ou não. Enfim, a luz está em nossos olhos, que brilham com a leitura deste livro de poesias do tempo da delicadeza com o acúmulo de tantas coisas já vividas e vistas na:
“Luz nos olhos da gata
cautelosa – cauteluz –
Rútila cor de água
No brilho da retina
engatilha o bote
a sílica felina”
Veja aqui o autor, ACQ, falando sobre o livro:
Texto em português do Brasil