Os meus objectos (4)
Os livros acompanharam-me desde muito cedo e o gosto pela leitura, incutido pela minha mãe, teve alguns contornos curiosos.
Não fui na infância um apaixonado pela banda desenhada ou, como então se dizia, pelos livros dos quadradinhos. Li (ou folheei) como toda a gente as aventuras do Pato Donald e outros do género mas não me entusiasmaram.
Mas, se a memória não me atraiçoa, as primeiras leituras a sério e de forma continuada aconteceram com “Os Cinco” e “Os Sete”, as sagas de Enyd Blyton. Devo ter lido todos ou quase. Ainda no ano passado os pude ver num ou noutro alfarrabista, na Feira do Livro do Porto. Leio na Wikipedia que vendeu mais de 600 milhões de livros publicados em cerca de 90 línguas.
Mas, o que me marcou naquela altura foi a leitura de livros policiais da colecção Vampiro que comecei a fazer com 12 ou 13 anos. A minha mãe era uma leitora assídua e foi pela sua mão que conheci o advogado Perry Mason, criado por Ele Stanley Gardner. E, sobretudo, o Comissário Maigret criado por Georges Simenon.
Ambos os autores tiveram uma importância grande na minha vida: o primeiro quase me levou a estudar Direito (ainda bem que não fui por aí…); o segundo, mostrou-me as ruas e as vidas de Paris, cidade pela qual me apaixonei e é, ainda hoje, a cidade estrangeira a que gosto de regressar e onde até gostaria de viver.
Estes livros da famosa colecção são um objeto que ainda hoje me acompanham pois herdei a biblioteca da minha mãe. Depois, ainda a fui enriquecendo com a compra de novos livros (a colecção hoje foi renovada e mais de 30 títulos estão novamente à venda).
Lembrei-me disso hoje e pensei na minha mãe que, apesar de ter apenas a antiga 4ª classe, teve a sabedoria de me levar para o mundo dos livros: foi capaz de motivar a minha paixão pela leitura. Foi uma das coisas mais importantes que fez por mim. Para mim.
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