A Câmara Municipal de Loures vai pedir ao Ministério da Saúde que monitorize e avalie os efeitos que o aumento do tráfego no Aeroporto da Portela está a ter nas populações vizinhas naquele concelho, nomeadamente Camarate, Prior Velho, Bairro de Santiago e Bairro Care, entre outros.
A iniciativa surge na sequência de uma recomendação da Assembleia Municipal de Loures, que instou a autarquia a solicitar ao executivo a medição dos efeitos da poluição do aeroporto e a sua relação com os problemas de saúde decorrentes da exposição ao tráfego aéreo.
A edilidade presidida por Bernardino Soares vai também solicitar ao Ministério do Ambiente que proceda, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, a um estudo rigoroso do impacto da poluição do ambiente na área circundante ao aeroporto.
Munícipes com queixas do foro oncológico e cardiovascular
A recomendação, emanada após uma proposta do Bloco de Esquerda, aprovada por todos os grupos parlamentares municipais à excepção do MRPP, visa ainda pedir ao Ministério do Ambiente que crie “mecanismos que obriguem as entidades aeroportuárias a monitorizarem e divulgarem, pelo menos mensalmente, os resultados das medições ambientais, sobretudo quanto ao ruído e às partículas inaláveis, na área circundante ao Aeroporto de Lisboa”.
Constatando que o tráfego aéreo no Aeroporto da Portela tem aumentado significativamente nos últimos anos, a proposta do BE faz menção a diversas “queixas dos munícipes do concelho de Loures, mais concretamente dos que residem e trabalham nas áreas de Camarate e Prior Velho, envolvendo doenças do foro oncológico, respiratórias e cardiovasculares, sendo que o maior número de queixas derivam da poluição sonora”.
Monitorização do ruído nas salas de aula
Aludindo ao alargamento do horário de funcionamento do aeroporto, “com descolagens e aterragens de naves de grande porte” praticamente durante toda a noite, a proposta refere ainda como preocupante os efeitos da exposição ao ruído nos mais novos, conhecida por afectar “o desenvolvimento intelectual das crianças, a perda gradual de audição e podendo conduzir a doenças psicossomáticas, representando um custo económico significativo para a sociedade”.
Neste sentido, a Assembleia Municipal vai também dar instruções à Câmara para exigir ao Ministério do Ambiente que, “em todos os locais de ensino das freguesias do concelho que se encontram na rota das pistas do aeroporto de Lisboa, seja feita a monitorização dos impactos sonoros nas salas de aula e áreas de descanso, com vista a intervenção futura, que anule ou atenue esses impactos”.