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Terça-feira, Dezembro 24, 2024

Luís Bernardino

Helena Pato
Helena Pato
Antifascistas da Resistência

N.1938

Antifascista da Resistência contra a Ditadura, nascido em Angola, homem de grande carácter, deu activa e generosa contribuição à luta pela liberdade e pela instauração da democracia em Portugal. Actualmente é muito conhecido pelo trabalho desenvolvido em prol da saúde infantil angolana, mas desde muito jovem foi sensível ao sofrimento dos outros, à sua volta e no mundo, abrindo-se a generosos ideais de libertação e felicidade humana.

Recusou fazer a guerra colonial contra o seu povo e exilou-se. Após o 25 de Abril foi viver para Angola, pondo todo o seu saber médico à disposição do povo angolano. Até 2014 trabalhou arduamente em Luanda, como pediatra e como professor, e dirigiu o Hospital Pediátrico de Luanda.

É considerado, por quem priva com ele, um ser humano de excelência e um verdadeiro missionário no exercício da Medicina. Luís Bernardino é oriundo de uma família de prestígio da província do Huambo, em cuja capital nasceu.

Luís Bernardino com a esposa, Inocência

Biografia

Luís Manuel Mendonça de Oliveira Bernardino nasceu em Huambo, em 1938, e foi em Angola que fez os estudos primários e secundários[1]. Depois, veio frequentar a Faculdade de Medicina em Lisboa. Já licenciado, em 1963, para não cumprir serviço militar no exército português e fugindo de ser mobilizado para a guerra colonial, desertou e exilou-se em Paris.

Luís Bernardino trabalhou na Argélia durante quatro anos e depois no Reino Unido durante seis anos. Em 1972, em Londres, recebeu um diploma do Royal College of Physicians e tornou-se membro do Royal College of Surgeons. Em 1973, recebeu o Diploma de Saúde Infantil, em Glasgow, Escócia.

Após o 25 de Abril de 1974, pôde finalmente regressar à sua Pátria e ser então um médico pediatra de referência em Angola. Em Setembro de 2013, foi a seu pedido exonerado do cargo de Director-Geral do Hospital Pediátrico de Luanda, que edificou com entusiasmo e dirigiu desde 1978. Desvinculou-se do quadro de pessoal docente da Universidade Agostinho Neto, para efeitos de reforma. O médico e académico Luís Bernardino, Professor Titular da Faculdade de Medicina, com o seu excepcional currículo profissional e larga experiência, podia ter aceitado os inúmeros convites para integrar as milionárias clínicas privadas em Luanda, mas sempre os recusou, porque ao escolher o caminho da Medicina, tinha tomado a decisão inabalável de prestar serviço público e colocar o seu saber ao serviço dos mais necessitados na sua terra, no seu país.

Luís Bernardino no lançamento da Campanha de Sensibilização para a Anemia Falciforme em Angola

Família de resistentes

A 4 de Dezembro de 1992, o seu irmão David Bernardino (desde jovem, activista do MPLA e resistente antifascista em Portugal), também médico, e que desenvolveu importantes pesquisas sobre o aumento de casos de bócio entre a população do interior – um aumento do volume da glândula tiróide e que é causado pela falta de sal mineral e iodo no organismo – foi assassinado a tiro pela UNITA, à saída duma consulta médica no seu Centro de Saúde na cidade do Huambo.

Em homenagem ao mesmo, as autoridades angolanas deram o seu nome ao Hospital Pediátrico de Luanda, dirigido por Luís Bernardino. Luís é também irmão do dirigente do PCP já falecido, José Bernardino (ver biografia em Antifascistas da Resistência).

Luís Bernardino tem uma vida de coerente e corajosa luta pela Democracia e pelo bem do povo angolano[2].

David Bernardino, médico, irmão de Luís Bernardino, assassinado em Huambo, em 1992

[1] Fez os estudos primários numa escola privada de Huambo, na “casa comboio” da Rua Castro Soromenho, a cuja direcção pertencia sua avó, Zaida Mendonça d`Oliveira. Por esta escola passaram os seus irmãos, Carmita, José, David e Morena. Ali adquiriram hábitos de estudo, de comportamento e de reflexão, que iriam marcar os seus futuros.

[2] Em 2015, Luís Bernardino subscreveu uma carta a Luaty Beirão, apelando a que terminasse a greve da fome e apoiando-o nestes termos:

O ideal é não precisarmos de heróis e muito menos de mártires… Queremos, sim ter a todo o momento, cidadãos exemplares na luta diária pela Democracia e pelo Bem do Povo Angolano. E tu és exemplar entre os exemplares.”

Dados biográficos:

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