Não tem nada que saber. Sempre que as empresas têm problemas financeiros, depois de darem algumas voltas à cabeça, os seus administradores acabam, quase sempre, por tomar a decisão da praxe: cortar no pessoal.
E é isso que está, nesta altura, a acontecer em dois órgãos de comunicação, O Sol e o I. Vai haver uma fusão das redacções dos dois jornais, que têm como accionista principal a Newshold, do angolano Álvaro Sobrinho, que, de resto, pretende alienar a sua posição. Dois terços dos trabalhadores (cerca de uma centena) deverão ser despedidos. Numa primeira fase, os dois títulos deverão continuar a ir para as bancas, mas, no futuro, poderão dar origem a um único jornal.
Este é apenas mais um dos muitos episódios de despedimentos em órgãos de comunicação social registados nos últimos anos. Episódios que se multiplicaram com a quebra de vendas e de facturação e, sobretudo, desde que, a partir de 2008, a crise económica bateu à porta e colocou em sérios apuros um sector que já tinha visto melhores dias.
Analisando os respectivos relatórios e contas, verificamos que só os quatro maiores grupos do sector – a Impresa (proprietária da SIC e do Expresso), a Media Capital (TVI), a RTP e a Cofina (Correio da Manhã e Record) – perderam, desde o final de 2007 e até o ano passado, quase 20 por cento da sua força de trabalho. Passaram dos 6.070 para os 4.869 funcionários, o que significa que reduziram os seus quadros em 1.201 trabalhadores.
Como consequência, passaram a ter gastos com o pessoal inferiores em 55,2 milhões de euros. Em 2007 gastaram 262,3 milhões de euros com salários e despesas associadas e, em 2014, apenas 207,1 milhões.
O maior contributo para a redução de empregos veio da RTP (grupo que integra, para além dos canais televisivos, também as rádios públicas) que tinha, no final do ano passado, menos 670 trabalhadores (-28,4%) do que em Dezembro de 2007. A poupança é de 34 milhões de euros.
A Impresa é, entre estes quatro grupos, o segundo que mais reduziu a sua força de trabalho, ao longo deste período. Passou de 1.448 para 1.119, o que significa que, pelo caminho, ficaram 329 (-22,7%) trabalhadores. Com esta redução, passou a poupar cerca de 7,4 milhões de euros anuais.
Poupança ligeiramente superior foi a que obteve a Media Capital, com a dispensa de 197 funcionários (-14,8%).
A que, em termos absolutos, teve menos alterações, a este nível, foi a Cofina, que regista apenas menos cinco funcionários do que em 31 de Dezembro de 2007. Situação que deve ficar a dever-se à admissão de pessoal para a televisão que lançou há cerca de dois anos e meio, a CM TV. Mas, apesar disso, também a proprietária do Correio da Manhã conseguiu baixar substancialmente os seus custos com o pessoal: menos 6,1 milhões de euros.
No final de 2014, Cofina, Media Capital, Impresa e RTP tinham um total de 4.869 trabalhadores, exactamente menos 1.201 do que a 31 de Dezembro de 2007. Os custos com o pessoal passaram de 262,3 para 207,1 milhões de euros, uma redução de 55,2 milhões.
Estes são dados significativos e que reflectem a tendência verificada ao longo dos últimos sete anos em todo o sector. Um dos outros grupos em que tem havido uma grande sangria é a Global Media (antiga Controlinvest), que detém títulos como o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias e a rádio TSF. No entanto, como não é uma empresa cotada em bolsa, não tem a obrigação de revelar os seus relatórios e contas, pelo que não é possível saber com rigor, qual a dimensão exacta dessa redução.
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