Mais do que o fim de um ano, chegamos ao fim de uma era. Assim espero eu, você e todos nós. Fim de uma era ruim demais, que acaba com o fim do desgoverno sim, mas que não começou com ele. Começou há seis anos. Vamos arredondar para sete para ficar mais místico. Talvez nove.
Deforma trabalhista, da macroeconomia para a peleja do dia a dia. Tão longe, tão perto. Depois, Bolsonaro, um pesadelo que se tornou realidade. E a peste, que víamos em livros e filmes com ar de superioridade iluminista, se fez nos recantos de um mundo pretensamente iluminado e sem fronteiras. Quanta ironia! Não poderia ser pior.
Nos últimos anos os quatro cavaleiros do apocalipse, a peste, a guerra, a fome e a morte, estiveram presentes e atuantes.
Foi, e aqui já coloco no passado, antevendo um futuro mais favorável, duro. Perdemos gente, perdemos datas, encontros, força, condições, estrutura, ânimo. Perdi meu pai, perdi meu último avô vivo, perdi amigos “da mesma morte severina”. Foi um tempo de muitas demissões, de mais trabalho e menos dinheiro.
Foi tão lazarento que até bons filmes e séries, que promovem aquele momento de reflexão e relaxamento, rarearam (The Beatles: Get Back foi um oásis no deserto).
Agora é hora de colocar ênfase no tempo do verbo foi. Catar os cacos e usar esse período como aprendizado sobre o tempo, sobre a vida, sobre o trabalho e sobre o valor da simplicidade.
Não acredito que o novo governo seja uma entidade messiânica e salvadora da pátria. Precisaremos nos dedicar muito para nos recompor. Mas será melhor e isso nos dá esperanças, o que já é muito bom. Se chegamos aqui com força para ir em frente, isso também é muito bom. Então, vamos em frente. Sem a taça, é verdade, mas com o gol mais bonito!
Texto em português do Brasil