Passou rápido este ano. Ainda “ontem” foi o Carnaval e a Páscoa e já estamos novamente no fim de um ano, a preparar o ano seguinte. Planos de acção, planeamentos, dados, estatísticas, enfim, o normal.
Foi diferente este ano? Em quê?
Os dias passam a correr, as tarefas acumulam-se e a lista dos emails não lidos aumenta de dia para dia.
A crise dos refugiados – a maior movimentação de pessoas desde a 2ª GM – também só foi novidade para os países de recepção e as suas populações, na verdade há muito que as cúpulas que fazem girar o mundo em beneficio próprio definiram esta estratégia.
A crise no BANIF era expectável desde 2012, o Governo, o Banco de Portugal e a União Europeia sempre o souberam, só foi mesmo uma novidade para os desgraçados que vão ter de pagar o rombo orçamental.
Como diz o ditado, à primeira todos caem, à segunda só caem alguns, à terceira só caem mesmo os totózinhos. Primeiro foi o BPP/BPN, depois o BES e agora o BANIF. Resta saber se caímos uma quarta vez! É como um carrossel. Gira e torna a girar. Parece que não sai do mesmo sitio, mas a verdade é que por cada conjunto de voltinhas no carrossel, é menos uma moeda no bolso do passeiro.
Guerras e guerrinhas, fome, desemprego, precariedade, dificuldade em poupar, desconfiança no sistema, mais pobreza, mais voluntariado e acções de solidariedade, eleições, mais descontentamento, professores tomam soníferos para dormir e anti-depressivos para dar aulas, os enfermeiros estão com os nervos em franja, e assim se passou 2015.
O dinheiro propriamente dito, com valor, não existe desde que este deixou de estar indexado ao Padrão Ouro. Estima-se que apenas 4% das transacções económicas mundiais sejam realizadas em moeda. Tudo o resto corresponde a transacções geradas informaticamente e a engenharia financeira. A provar que é possível viver de forma alternativa estão as inúmeras experiências sociais que se realizam um pouco por todo o mundo, viabilizando a vida em comunidade através de mecanismos de transacção alternativos. O TEM, na Grécia, e o CDD, na Cidade de Deus, favela da zona oeste do Rio de Janeiro, são apenas dois exemplos do que é possível fazer.
Às vezes parece que vivemos sob um intenso fluxo de energia que nos comanda. Uma espécie de radiação electromagnética que nos condiciona, que nos cega quando é suposto ficarmos cegos, que nos derruba quando é suposto que não façamos nada e que raramente nos liberta. Definitivamente, quero um mundo novo. Um mundo que não viva dependente da alienação do trabalho para pagar contas, do dinheiro que enchem os bolsos não se sabe de quem, nem do exercício de poder de uns sobre os outros. Estes são os meus votos para 2016.
[…] Mais um aninho, mais uma voltinha e torna a girar […]