Depois da anunciada demissão de Garcia Pereira do PCTP/MRPP, após ter sido suspenso do Comité Permanente do Comité Central do partido, junta-se agora mais uma desistência, a do tesoureiro Domingos Bulhão.
“Quebrando o silêncio no qual me mantive após a decisão de suspensão do Comité Permanente do Comité Central por Arnaldo Matos, ao arrepio dos Estatutos do Partido, no passado dia 6 de Outubro, apresento a minha demissão de militante do PCTP/MRPP”, afirma Domingos Bulhão na carta de demissão apresentada ao partido e à qual o TORNADO teve acesso.
O agora ex-tesoureiro do PCTP/MRPP acrescenta que esta foi uma decisão “ponderada e definitiva” tomada no seguimento “dos sucessivos ataques pessoais, calunias, difamações e mentiras publicadas sem direito de resposta no Luta Popular Online, da autoria do próprio Arnaldo Matos, ainda que alguns dos ataques sejam assinados por outros”.
Na carta, Domingos Bulhão tece duras críticas a Arnaldo Matos, fundador do MRPP, bem como aos seus “seguidores” que acusa de terem “o intuito de tomar o partido de assalto, promovendo uma autêntica caça às bruxas aos membros eleitos em Congresso”. Mas vai mais longe, dando a entender que o acusam de fugir com dinheiro do partido.
“Prestei contas e todos os esclarecimentos referentes às despesas ao actual responsável, Carlos Gomes. A titularidade da conta foi alterada na Caixa Geral de Depósitos (CGD). Estranhamente, estes acontecimentos foram sempre acompanhados por dois membros também suspensos, Carlos Paisana e Luís Franco. E acusam-me de estar em fuga com os dinheiros do partido quando os dinheiros estão noutras mãos”, questiona o ex-tesoureiro na carta de demissão.
A referida carta tem data de 30 de Novembro, contudo, ao que o TORNADO conseguiu apurar, o partido ainda não fez qualquer referência sobre o assunto.
À semelhança de Garcia Pereira, Domingos Bulhão fazia parte do Comité Central do PCTP/MRPP que foi suspenso após conhecidos os resultados eleitorais das passadas eleições legislativas de 4 de Outubro. Aderiu ao MRPP após o 25 de Abril, participando activamente nas suas primeiras manifestações e integrou o Comité Local de Almada e fez parte do Comité Regional de Setúbal do MRPP e, posteriormente, do PCTP, assumindo as funções de secretário do Comité do concelho de Almada. Foi eleito para o Comité Central em 2001.
Recentemente, Domingos Bulhão foi também o autor da queixa-crime contra a actuação ilegal da polícia de filmar os manifestantes de 14 de Novembro de 2012, contra o governo de Passos Coelho e Paulo Portas.