A falta de oxigênio nos hospitais de Manaus revela, mais uma vez, como o governo federal – em seu desprezo pela gravidade da pandemia – não tem sequer logística, nem suprimentos, nesta guerra contra o vírus, e deixa faltar insumos fundamentais para salvar a vida dos doentes.
Manaus volta ao noticiário como o triste exemplo da incúria e do desleixo oficiais no combate à pandemia da Covid-19. No final de abril de 2020 a capital amazonense já havia vivido uma situação semelhante, inclusive com enormes dificuldades para sepultar todos os mortos vítimas do coronavírus. Agora, na chamada segunda onda da pandemia, a situação em Manaus demonstra a falta de coordenação do governo federal no tratamento da Covid-19, que se monstra incapaz de exercer alguma coordenação no combate à pandemia e tomar medidas que possam de fato ajudar a resolver essa situação dramática. Bolsonaro chegou a reconhecer que a situação é grave, mas não sabe o que fazer e fala apenas em “tratamento precoce”, seguindo a linha do ministro Eduardo Pazuello, e pressiona a prefeitura de Manaus a usar cloroquina, o remédio mágico sem qualquer indicação médica ou científica.
A situação é grave. Em 2020, mostra um levantamento da associação nacional de cartórios, houve no Amazonas um número de mortos em casa (sem atendimento hospitalar) 38% maior em comparação a 2019. O total daqueles que morreram em casa passou de 3.201 em 2019, para 4.418 em 2020. Isto indica, diz o pesquisador e epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia, o colapso hospitalar no Amazonas em 2020 – e pode se repetir em 2021, teme ele. Os especialistas temem que essa situação se agrave, ante o descaso, a incúria e o desleixo sobretudo do governo de Jair Bolsonaro.
A incúria e o desleixo do governo federal se manifestam agora, em Manaus, na falta do oxigênio essencial para salvar vidas de pacientes internados em estado grave nos hospitais da cidade – que, assim, são transformados em verdadeiras “câmaras de asfixia”. Centenas de pacientes estão sendo transferidos para outros estados para serem mantidos vivos.
A falta de oxigênio nos hospitais de Manaus revela, mais uma vez, como o governo federal – em seu desprezo pela gravidade da pandemia – não tem sequer logística, nem suprimentos, nesta guerra contra o vírus, e deixa faltar insumos fundamentais para salvar a vida dos doentes.
O drama de Manaus atinge pacientes e profissionais de saúde, como revela a médica residente Gabriela Oliveira, do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV): “O que eu vivi hoje, nem nos meus piores pesadelos eu pensei que poderia acontecer. Não ter como assistir paciente, não ter palavras para acalentar um familiar. Isso é uma coisa que vai ficar uma cicatriz eterna nos nossos corações”.
A situação também provoca indignação e solidariedade, como manifestou o governador Flávio Dino, do Maranhão. “Impossível não se indignar e não se emocionar. O Maranhão está pronto para ajudar no que for necessário, como já informei ao governador Wilson”, afirmou Dino. Já a ex-senadora do Amazonas, Vanessa Grazziotin, em depoimento emocionado, fala do momento dramático provocado pelo novo colapso do sistema de saúde de Manaus e do Amazonas. Citando as enormes carências do estado na área da saúde e a morte de entes queridos dos todos os amazonenses, Vanessa afirmou que a “hora é de solidariedade, precisamos nos unir para ajudar uns aos outros”. Ela lembra, porém, que passada a situação grave, é preciso conversar sobre a situação insustentável que vive o estado e o país.
O drama que tem comovido o país é mais uma demonstração de que Bolsonaro não tem condições de dar conta das necessidades da população e despreza uma crise sanitária que já provocou a morte de mais de 206 mil brasileiros. Defender a vida, o bem maior das pessoas, é motivo mais do que suficiente para que o Brasil una amplas forças para dar um basta a esse governo irresponsável e genocida.
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado