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Sábado, Novembro 2, 2024

Manifestação bolsonarista troca golpe por cloroquina

Tereza Cruvinel, em Brasília
Tereza Cruvinel, em Brasília
Jornalista, actualmente colunista do Jornal do Brasil. Foi colunista política do Brasil 247 e comentarista política da RedeTV. Ex-presidente da TV Brasil, ex-colunista de O Globo e Correio Braziliense.

“Os que estavam na praça não representam o povo brasileiro. Podem representar, no máximo, os 30% que apoiam Bolsonaro. Mas é certo que a inflexão de hoje foi um movimento defensivo, de quem sente que o tapete está escorregando sob seus pés”

Enfrentando um inquérito do STF sobre as acusações de Sérgio Moro e  30 pedidos de impeachment na Câmara, vendo minguar seus índices de aprovação, criticado pelas forças democráticas pelo apoio às ultimas manifestações golpistas,  Bolsonaro fez uma inflexão conciliadora neste domingo. A manifestação de apoio na porta do Palácio do Planalto, embora contrariando as recomendações sanitárias, não exibiu faixas pedindo fechamento do Congresso e do STF ou intervenção militar. Em compensação, os manifestações pediram “cloroquina já”.

Houve uma clara coordenação entre os organizadores da manifestação e o governo para evitar novas acusações de golpismo e atentado ao Estado de Direito, com o próprio Bolsonaro falando em respeito à democracia e destacando a ausência de faixas contra os outros poderes, embora algumas pregassem o “Fora Rodrigo Maia”, ou “Fora Toffoli”. Mas criticar pessoas não é o mesmo que atacar as instituições. Bandeiras dos Estados Unidos e de Israel voltaram a ser exibidas.

Com a manifestação deste domingo, embora evitando ataques institucionais, Bolsonaro buscou dar mais uma demonstração de apoio popular, justamente quando ganham força as articulações a favor do impeachment, como o pedido que será apresentado por PT e demais partidos de esquerda, juntamente com entidades da sociedade civil. “O povo está comigo”, disse Bolsonaro,  ao descer a rampa para interagir diretamente com os apoiadores, pegando uma criança no colo e trocando apertos de mão.  Também pela primeira vez, após a queda do segundo ministro da Saúde,  Bolsonaro tentou dizer que se preocupa com a pandemia, afirmando que seu governo está “dando apoio aos que contraíram coronavirus”.

Os que estavam na praça não representam o povo brasileiro. Podem representar, no máximo, os 30% que apoiam Bolsonaro. Mas é certo que a inflexão de hoje foi um movimento defensivo, de quem sente que o tapete está escorregando sob seus pés.


Texto original em português do Brasil



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