1943-1999
Sindicalista com uma vida exemplar de dedicação à luta pelos direitos dos trabalhadores, antes e depois do 25 de Abril.
Homem de causas, coerente, com enorme abertura de espírito, dialogante, foi uma figura admirada nos meios sindicais e políticos e que contou com o respeito de todos os quadrantes políticos.
Impressionava, quer pela firmeza das suas convicções quer na forma como encarava o seu papel de dirigente, sempre à procura de interpretar correctamente a vontade dos trabalhadores que representava»
Subscrevia abaixo-assinados, intervinha em comícios e debates políticos, apoiava e integrava as candidaturas que entendia serem as melhores, mas mantinha esta característica que designava de independente. A sua morte, aos 55 anos, deixou grande pesar no seio do sindicalismo português.
Biografia
Manuel Correia Lopes nasceu em Coimbra no dia 18 de Novembro de 1943 e faleceu em Lisboa, a 15 de Maio de 1999. Aos 3 anos perdeu o pai e aos 12 partiu com a mãe para Lisboa, onde começou, de imediato, a trabalhar como aprendiz na indústria têxtil. Passou pelos serviços administrativos, pela produção e foi responsável pelo serviço de compras, inscreveu-se no curso comercial em regime pós-laboral.
Com 15 anos, ingressou na Juventude Operária Católica (JOC), de que veio a ser dirigente entre 1960 e 1966. Antes do 25 de Abril teve uma intensa actividade política e cívica. Pertenceu ao MDP/CDE, de que foi dirigente (1969) e, em 1973, foi um dos fundadores do Movimento da Esquerda Socialista (MES).
Iniciação ao sindicalismo
Iniciou a sua actividade sindical com 21 anos (1964), no então Sindicato dos Lanifícios de Lisboa, actividade que interrompeu para fazer o serviço militar. Mobilizado para a guerra colonial na Guiné, só regressou aos 26 anos de idade. Com essa idade foi eleito presidente do Sindicato dos Lanifícios de Lisboa. A partir daí, dedicou toda a sua vida ao sindicalismo, à luta pela defesa dos direitos dos trabalhadores e à sua unidade.
Trabalhou intensamente, em conjunto com outros sindicalistas, na criação da Intersindical Nacional, hoje CGTP-IN, da qual foi fundador, em 1970.
Foi um dos oradores no primeiro comício comemorativo do 1.º de Maio em liberdade, em 1974. Foi também o primeiro sindicalista a falar na televisão portuguesa no direito à greve. Em Junho de 1974 foi escolhido como delegado dos trabalhadores à conferência da OIT. Presidiu à mesa do 1.º Congresso da Intersindical, em Julho de 1975, e desde o 2.º Congresso passou a integrar todos os seus secretariados.
Plenário da CGTP-IN no Teatro Aberto (1982) – intervenção de Manuel Lopes
Presidente de Direcção
Em 1975, extinto o Sindicato dos Lanifícios de Lisboa para dar lugar ao Sindicato dos Têxteis, Lanifícios e Vestuário do Sul, Manuel Lopes foi eleito presidente da Direcção, cargo que manteve até 1982, altura em que passou a exercer as funções de Presidente da Mesa da Assembleia Geral, até à data da sua morte. O conhecimento deste sector fez com que se empenhasse activamente na fusão da federação de lanifícios e vestuários com a dos têxteis numa única federação. Permaneceu membro da Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN desde 1977.
Deputado independente
Foi deputado à Assembleia da República entre 1980 e 1985, como independente nas listas do PCP; fez parte da Comissão de Apoio à Eleição de Mário Soares para Presidente da República (2.º mandato); integrou a Comissão de Honra da Candidatura de Jorge Sampaio a Presidente da República; foi deputado, durante três mandatos consecutivos, na Assembleia Municipal de Lisboa, em representação da CDU.
Era membro da direcção do Conselho Português para a Paz e a Cooperação e foi, durante anos, presidente da Mesa da Assembleia Geral da Voz do Operário.
No elogio fúnebre proferido no seu enterro perante centenas de pessoas, Carvalho da Silva, então Secretário-Geral da CGTP-IN, sublinhou a dimensão humana daquele que foi «inquestionavelmente, um dos sindicalistas maiores deste país».
2.º Congresso CGTP-IN (1977) – intervenção de Manuel Lopes
Prémio Manuel Lopes
Em 1999 foi homenageado pela Câmara Municipal de Lisboa, que mais tarde atribuiu o seu nome a uma rua na Alta de Lisboa (Charneca do Lumiar).
Em 2001 foi instituído e promovido pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, o Prémio Manuel Lopes, com o propósito de homenagear o sindicalista e fundador da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, cuja vida foi em grande parte dedicada à implementação da contratação colectiva e à sua afirmação como instrumento de progresso das condições de vida dos trabalhadores e de dignificação do trabalho. .
Em 2009, no 10.º aniversário do seu falecimento, a Sociedade de Instrução e Beneficência “A Voz do Operário”, com o apoio da CGTP-IN , evocou “o cidadão empenhado e participativo, o dirigente sindical da CGTP-IN e do seu Sindicato, e o dirigente associativo”.
O seu nome faz parte da toponímia de: Cascais (Freguesia de São Domingos de Rana); Évora; Lisboa ( ex-Rua X do Alto do Lumiar); Póvoa de Varzim (Freguesia de Rates); Seixal; Vila Franca de Xira (Freguesia de Vialonga); Vila Viçosa.
Dados biográficos:
- Expresso: Trabalho: Voz do Operário homenageia o dirigente da CGTP Manuel Lopes
- CGTP-IN: Manuel Lopes (1943-1999)
- Biografia de Manuel Lopes, editada em 2001 pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Comissão Municipal de Toponímia.
- Avante: Manuel Lopes, uma vida dedicada ao mundo do trabalho