… numa Europa onde a Turquia “não deve e nem pode integrar-se”…
São pontos fortes e estruturantes do programa presidencial de Manuel Valls, ontem apresentado, que trazem uma nova linguagem e uma nova visão à Esquerda.
Valls recusa, por “inoportuno”, o equilíbrio orçamental nos próximos 5 anos do mandato bem como a “redução do défice a marcha forçada” e propõe o aumento do investimento na defesa, segurança, serviços de inteligência, justiça, educação, investigação e a criação de um “rendimento decente” (cerca de 800 euros) através da fusão dos actuais “mínimos sociais”).
Mais propostas sociais inovadoras: divisão por dois da diferença salarial homem/mulher (durante o seu mandato), criação de um serviço cívico obrigatório (6 meses), empréstimos a taxa zero para empresários, valorização de 10% das actuais reformas mínimas…
O “controlo” das fronteiras económicas faz a sua aparição e subjaz, por exemplo, a várias propostas fiscais (dirigidas a empresas estrangeiras e a estados que pratiquem dumpings sociais e ambientais) que aparecem no programa “Valls 2017”.
Um programa de governo que, sem o explicitar, procura a reconquista do eleitorado popular (garantindo-lhe o que ele mais ambiciona: segurança e aumento do poder de compra) e a retoma da soberania nacional, nesta Europa “em crise de sentido”.
Valls tinha programado a sua candidatura presidencial para 2022 mas a retirada de François Hollande obrigou-o a refazer as contas, improvisar e avançar já. Ontem, apresentou o programa que mostra bem que o homem sabe o que quer. A dúvida, por ora, reside na reunião da equipa. Conseguirá Valls reunir em tempo-record os seus velhos amigos (e alguns novos) capazes de criar uma imbatível equipa-maravilha? Se o conseguir, os resultados desmentirão todas as actuais sondagens…