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Sexta-feira, Janeiro 3, 2025

A “tomada de posse”, leia-se “Coroação”, de Marcelo Rebelo de Sousa

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Na presença de mais de 500 convidados, esta manhã, Marcelo Rebelo de Sousa tomou posse como Presidente da República, jurando a Constituição de 1976, num parlamento decorado com mais de duas mil rosas com as cores da bandeira nacional.

Marcelo Rebelo de Sousa quer ser Presidente de todos os Portugueses

O TORNADO marcou presença na tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa; esteve com ele no Mosteiro dos Jerónimos e acompanhou-o até ao Palácio de Belém. E ficamos com a certeza de que o ex-comentador vai querer afirmar-se, em Portugal e no mundo lusófono, como um Presidente consensual e de todos os portugueses.

marcelo-ar-posse-3No discurso da cerimónia em que tomou posse como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de clarificar o seguinte: “Um Presidente que não é nem a favor nem contra ninguém. Assim será politicamente, do princípio ao fim do seu mandato”. Esta sua afirmação fez com que os deputados do PSD, PS, e CDS o aplaudissem de pé. Os grupos parlamentares da esquerda ficaram em silêncio.

Depois de tomar posse, o novo Presidente da República, sublinhou que será “socialmente a favor dos jovens que queiram exercitar as suas qualificações e procurar emprego em Portugal; da mulher que espera ver mais reconhecido o seu papel num mundo ainda tão desigual; do pensionista ou reformado que sonhou com um 25 de Abril que não corresponde ao seu actual horizonte de vida; do cientista à procura de incentivos sempre adiados ou do agricultor, comerciante e industrial, que, no dia-a-dia, sobrevive ao mundo de obstáculos que o rodeiam”.

O Presidente da República também reconheceu no discurso feito, na Assembleia da República, que Portugal vai ter que enfrentar “tempos e desafios difíceis”, considerando que é necessário sair do clima de crise e ir mais longe na qualidade da educação, saúde, justiça e do próprio sistema político.

“É no quadro desta Constituição – que, como toda a obra humana, não é intocável, mas que exige para reponderação consensos alargados, que unam em vez de dividir – que temos, pela frente, tempos e desafios difíceis a superar”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, perante os parlamentares e todos os convidados que encheram o hemiciclo de São Bento e muitas outras salas.

 

As dificuldades que se avizinham para os portugueses

O sucessor de Cavaco Silva reconheceu que vêem aí tempos “difíceis, complexos” e “envoltos em incógnitas”. Marcelo Rebelo de Sousa também defendeu a necessidade de Portugal sair do clima de crise e do país ir “mais longe com realismo, mas visão de futuro”, na capacidade e na qualidade da Educação e Ciência, da Saúde, da Segurança Social, da Justiça e da Administração Pública.

O novo inquilino do Palácio de Belém, considera que é muito importante haver consensos alargados, garantiu solidariedade institucional “indefectível” ao parlamento, e prometeu ser “de todos os portugueses sem excepção”. “Portugal é a razão de ser do compromisso solene que acabo de assumir”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa  virando-se para o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.

A cerimónia da tomada de posse teve início às 09:00, quando o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, abriu formalmente a sessão e a fechou de seguida. Às 09:35 chegou o Presidente da República eleito, que “furou” o protocolo ao chegar a pé e pela direita ao Palácio de São Bento, depois de descer a calçada da Estrela. Uma “tirada” que fez recordar os tempos de Mário Soares. Marcelo Rebelo de Sousa jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, com a mão direita sobre um exemplar original de 1976, de capa vermelha e inscrições douradas, às 10:12.

O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, na sua intervenção, considerou que Marcelo é “o presidente certo no momento certo” e que dele se espera autonomia e “independência na acção presidencial”. Os antigos Presidentes da República Ramalho Eanes e Jorge Sampaio também estiveram presentes na cerimónia, enquanto o antigo chefe de Estado Mário Soares esteve ausente. Segundo um parlamentar socialista, a ausência de Soares deveu-se a problemas de saúde.

 

Um Presidente conservador para os partidos da esquerda

marcelo-costa-posse-2Após a sessão de cumprimentos a Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, disse aos jornalistas presentes na Assembleia da República, que todos os cidadãos portugueses se podem “reconhecer” nas palavras do Presidente da República.

Falando em nome do PSD, o líder parlamentar, Luís Montenegro, considerou que a intervenção do novo Presidente teve “grande sentimento de unidade nacional” e foi um discurso “muito mobilizador” para as tarefas dos políticos e de todos os portugueses.

O presidente do Partido Socialista, Carlos César, fez questão de elogiar o discurso de Marcelo, sobretudo “os parâmetros em torno dos quais devem ser procurados consensos que compatibilizem finanças sãs e justiça social”.

Já a porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse que o chefe de Estado “tem, em boa medida, uma visão conservadora do país, mas que tenta fazer pontes para todos os sectores”.

Para o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, Marcelo soube “puxar pela auto-estima dos portugueses” nas suas palavras de tomada de posse e “deu a entender que vai governar para bem do país e de todos os cidadãos portugueses”.

Já no entender do secretário-geral do Partido Comunista Português,, Jerónimo de Sousa, “não basta ter boas intenções, é preciso uma prática dessas mesmas intenções”, enquanto a deputada do partido ecologista “Os Verdes”, Heloísa Apolónia considerou que o discurso do Presidente Marcelo foi “muito focado” na Constituição, esperando que tal seja uma marca da sua presença em Belém.

marcelo-jeronimos-posse-5Depois de sair da Assembleia da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dirigiu-se ao Mosteiro dos Jerónimos onde colocou uma coroa de flores nos túmulos de Luís Vaz de Camões e no de Vasco da Gama. À chegada aos Jerónimos, o Presidente foi recebido pelo ministro da Cultura, João Soares, o pároco José Santos Ferreira e pela directora do mosteiro, Isabel Cruz de Almeida.

Nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos, Marcelo Rebelo de Sousa escreveu um texto que ficará para a história da República Portuguesa. Um momento que o TORNADO registou na íntegra.

 

Muitas palmadinhas, conversas de escárnio e sorrisos

Muitos abraços, palmadinhas nas costas e sorrisos abertos foram a marca da cerimónia protocolar de cumprimentos a Marcelo Rebelo de Sousa, que durou cerca de 45 minutos, e que ocorreu no Salão Nobre da Assembleia da República. marcelo-filipe-posse-1Ao lado do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, com dez bandeiras nacionais por trás, o novo Presidente da República recebeu as altas figuras do Estado, representantes dos órgãos de soberania, primeiro-ministro, membros do governo, deputados e convidados para a sessão de cumprimentos.

No Salão Nobre da Assembleia da República também marcaram presença o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi; o rei de Espanha, Felipe VI; o ex-Presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, foi o último líder partidário a comparecer, mesmo antes dos últimos convidados desejarem as maiores felicidades a Marcelo Rebelo de Sousa.

 

Marcelo condecorou Cavaco Silva com “Colar da Ordem da Liberdade”…

O ex-presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, afirmou aos jornalistas que agora vai descansar e assumiu que a saída de Belém marca o “fim de um ciclo”, agradecendo a generosidade do sucessor Marcelo Rebelo de Sousa ao decidir condecorá-lo com a “Ordem da Liberdade”.

Depois dos cumprimentos que se seguiram à condecoração com o Grande Colar da Ordem da Liberdade, feita pelo novo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, foi muito breve e frio com os jornalistas quando entrava no carro e prestes a deixar o Palácio da Ajuda, em Lisboa. “Eu só posso agradecer a generosidade do novo Presidente da República. As condecorações aceitam-se, não se discutem. E até há quem diga que não se agradecem. Agora vou descansar. Obrigada”, afirmou Cavaco Silva.

Eleito a 24 de Janeiro de 2016, com 52% dos votos, Marcelo Rebelo de Sousa, 67 anos, é o vigésimo Presidente da República Portuguesa.

 

… E já tem audiência agendada com o Papa Francisco

“O Presidente da República falou por todos nós. Hoje é dia de o escutarmos e não falarmos. Acho que foi um discurso em que todos nos podemos reconhecer, um sinal importante da função essencial do Presidente da República de unir os portugueses para servirmos Portugal”, reconheceu o primeiro-ministro António Costa, logo após a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe do Governo socialista pareceu estar mais preocupado com as novas exigências de Bruxelas e por isso mesmo, saiu acompanhado pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, com quem jantou, na noite de terça-feira, num restaurante de Lisboa, segundo apuramos junto de um elemento do gabinete de Costa.

No Palácio de Belém, o TORNADO ficou a saber, por um dos elementos do gabinete do Presidente da República, que Marcelo Rebelo de Sousa escolheu o Vaticano e a Espanha como destinos da sua primeira deslocação oficial, que se realizará na próxima semana, a 17 de Março, confirmou hoje à Lusa fonte do seu gabinete.

Através de um repórter da Rádio Renascença também ficamos a saber que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa tem uma audiência, no Vaticano, com o papa Francisco, nesse mesmo dia. De acordo com o gabinete do novo chefe de Estado, a audiência com o papa Francisco vai acontecer de manhã, no Vaticano, e à tarde, Marcelo Rebelo de Sousa vai encontrar-se com o rei de Espanha, Felipe VI, em Madrid, onde jantará.

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