Os debates presidenciais têm sido pobres. A responsabilidade principal é dos moderadores, que preferem fazer entrevistas paralelas a moderar uma discussão entre candidatos. Dos três moderadores, Anselmo Crespo (SIC) é o mais próximo de um moderador, com José Rodrigues dos Santos (RTP) a confundir-se, ele mesmo, com um candidato que ninguém sabia estar na corrida.
A consequência é a falta de debate e, no meio destas entrevistas paralelas, a maioria dos candidatos aproveita para não discutir, fugindo aos pingos da chuva que causam controvérsia e, consequentemente, potencial perda de simpatia no concurso Miss Belém 2016.
Há excepções. Henrique Neto, o mais velho dos candidatos, nada tem a perder e ataca. Nem sempre no tom, porque foge por vezes para a acusação pessoal, o empresário socialista tem sublinhado diferenças com os oponentes. Tem o trabalho de casa feito e sabe o que o distingue. Com Marcelo Rebelo de Sousa, por exemplo, puxou das armas populares que se podem atirar ao candidato de direita. Marcelo não gostou, sorriu de boca fechada e tentou, por tudo, mostrar-se magnânimo. Talvez tenha conseguido isso aos olhos dos mais distraídos. Quem o conhece sabe que o professor mandará apagar o empresário das suas consultas, tal o azedume que tinha nos olhos.
O mais chato mas mais eficaz é Paulo Morais. Os debates com ele são mono-temáticos: Morais lança lama para cima de todos, sem dizer nada de concreto. Os oponentes dizem frases sacadas ao Borda D’Água e assobiam para o lado.
Em suma, estamos todos à espera de Tino de Rans e do outro moço que diz frases da Chiado Editora, naqueles debates com os três candidatos “à frente nas sondagens” – que é um critério que não cabe na cabeça de um tinhoso.
Aviso amigo ao PCP: Carvalhas, Jerónimo e, vá, Chico Lopes, mesmo assim, tinham alguma graça. O senhor padre é chato como a potassa.
[…] Source: Ó Marcelo, tens cá disto? – Jornal Tornado […]