Troca de acusações entre coligação Portugal à Frente e PS dificulta acordo para viabilização de um Governo estável e que garanta a governabilidade nos próximos quatro anos. Nenhum dos partidos admite deixar a mesa das negociações.
Depois do falhanço da reunião da passada terça-feira entre os partidos da coligação Portugal à Frente e o PS, onde António Costa disse que “o documento” apresentado por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas “não traduz um esforço suficiente nem revela uma mudança de política que reduza a austeridade e o empobrecimento dos portugueses”, os partidos têm subido o tom e tentam empurrar, uns para os outros, o facto de ainda não terem chegado a acordo. Estas posições, um pouco mais extremadas, fazem antever que as negociações dificilmente cheguem a “bom porto”.
Desta vez foi Marco António Costa, que este sábado enviou um recado para o Largo do Rato: “Não estamos disponíveis para simulacros negociais”. O vice-presidente do PSD chegou mesmo a lamentar que o PS não mostre interesse em encontrar uma solução para um compromisso com a coligação. Insistiu que os socialistas não souberam aceitar a derrota nas eleições de 4 de Outubro e que querem “forçar a utilização do seu programa eleitoral como base de uma solução governativa para Portugal” e relembrou que “o programa que venceu as eleições não foi o do PS. O programa que foi a sufrágio e escolhido pela esmagadora maioria dos portugueses foi o programa da coligação Portugal à Frente”.
O porta-voz do PSD, que falou à saída de um encontro com os trabalhadores sociais-democratas, afirmou que o PS vai ter em breve uma resposta à carta que enviou e que os socialistas ainda não apresentaram qualquer contraproposta às propostas colocadas em cima da mesa pela coligação. Marco António Costa acusou mesmo o líder socialista de “radicalização” e de tentar perturbar o processo negocial com a coligação, para “de uma forma artificial” dar a entender que as negociações “só correm bem à esquerda. Isso não corresponde à verdade. Da nossa parte continuamos empenhados. Temos uma atitude séria”.
O vice-presidente do PSD considerou de “graves” as “insinuações” de António Costa na entrevista que concedeu à TVI esta sexta-feira. “O PS tentou lançar dúvidas injustificadas sobre as contas públicas portuguesas, que só terão por base preocupações políticas. Estas declarações só podem ser justificadas por desespero político”. Marco António Costa assegurou ainda que a coligação quer continuar as conversações com o PS, até porque “nunca abandonaremos uma atitude séria de negociação, nem viraremos as costas ao país”.
PS enviou carta à coligação
O Partido Socialista enviou uma carta esta sexta-feira aos partidos da coligação Portugal à Frente, em resposta às propostas apresentadas na reunião da passada terça-feira. No final do encontro, António Costa sentiu-se desiludido com o documento apresentado por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas e referiu que o exercício “não traduz um esforço suficiente nem revela uma mudança de política que reduza a austeridade e o empobrecimento dos portugueses”. Já o líder social-democrata acusou o PS de não apresentar contrapropostas e de falta de vontade política para um entendimento.