Mário Soares é, até agora, o candidato que obteve maior número de votos numas eleições presidenciais: 3 459 521. O recorde foi atingido na sua reeleição, no já muito distante dia 13 de Janeiro de 1991. Na altura, tinha como adversários Basílio Horta, Carlos Carvalhas e Carlos Marques. E, apesar das críticas duras que Basílio Horta lhe dirigiu, a verdade é que, para o histórico dirigente do PS, a campanha eleitoral foi um autêntico passeio. Ao maior número absoluto de votos, somou a mais alta percentagem obtida nas presidenciais (70,31%) e ainda a maior diferença de votos para o segundo candidato mais votado (2.763.142).
Uma história muito diferente tinha sido a das presidenciais anteriores, as de 1986. Para chegar pela primeira vez ao Palácio de Belém, Mário Soares teve que fazer face a dificuldades que, em muitos momentos, pareceram inultrapassáveis. Partindo para a corrida com ridículas intenções de voto, deparou-se com a direita unida em torno de Freitas do Amaral, enquanto, à esquerda, além do seu nome, nos boletins de voto surgiam também os do seu camarada de partido Salgado Zenha e de Maria de Lourdes Pintasilgo. O episódio da Marinha Grande pode ter valido a Soares aguentar-se na 1ª volta, com mais cerca de 250 mil votos do que Zenha e, beneficiando do facto de Freitas não ter atingido os necessário 50% dos votos mais um (obteve 46,31%), ganhou o passaporte para a segunda volta.
O golpe de rins do PCP, com a célebre orientação de voto de Cunhal aos militantes e simpatizantes do seu partido de que tapassem os olhos, mas que votassem em Soares, criou-lhe a expectativa de que conseguiria mesmo cumprir com êxito a ‘missão impossível’ em que se envolvera. Mas as dificuldades não abrandaram. A campanha ‘à americana’ de Freitas do Amaral parecia estar a resultar, o país dividia-se em duas partes praticamente iguais e, só mesmo depois de contados todos os votos, Mário Soares pôde suspirar de alívio. Tinha obtido a confiança de 3.010.756 portugueses e, apesar de ser o resultado mais tangencial de umas presidenciais (apenas mais 138.692 votos do que o seu adversário), as eleições estavam ganhas e tornava-se o primeiro civil a sentar-se no cadeirão presidencial, após o 25 de Abril.
A segunda volta das eleições de 1986 ostenta um recorde: o de maior número absoluto de votantes numas presidenciais (5 937 100). Ainda assim, em termos percentuais, foi ultrapassada pelo acto eleitoral de 1980, que resultou na reeleição de Ramalho Eanes. Nessa altura votaram menos portugueses – 5 840 332 – mas, como também havia menos inscritos do que em 1986, a percentagem de participação foi de 84,39%, a mais elevada de sempre.
Os primeiros 12 anos da nossa democracia foram os mais participados em termos eleitorais. No que às presidenciais diz respeito, até 1986 a abstenção nunca atingiu os 25%. Daí para cá, o melhor que se conseguiu foi 33,7% de abstenção nas eleições de 1996, que levaram Jorge Sampaio à presidência, após derrotar Cavaco Silva. As presidenciais menos mobilizadoras para os portugueses foram as de 2011, que tiveram uma taxa de abstenção de, praticamente, 53,5%.
[…] dos mais e menos votados – em nove actos presidenciais – há dois nomes em competição. Se até hoje Mário Soares foi o candidato eleito a Belém com mais votos, Cavaco Silva continua a ser o Presidente com menos votos na história da democracia […]