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Sábado, Novembro 2, 2024

Marisa Matias: Lesados do BES também são “lesados de Marcelo”

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Marisa Matias acusou Marcelo Rebelo de Sousa de responsabilidade pelos prejuízos dos lesados do Banco Espírito Santo. Isto porque, vestindo a ‘pele’ de comentador, disse pouco antes do ‘estouro’ do BES que a banca “estava blindada, segura e que o governador do Banco de Portugal era de total confiança”. As pessoas que perderam no banco as “poupanças de uma vida” são, por isso, na sua opinião, além de lesados do BES, de alguma forma, também “lesados do Dr. Marcelo Rebelo de Sousa”.

O visado, por seu lado, atribuiu as culpas por essas declarações a Carlos Costa que terá dito por várias vezes que “a situação estava sob controlo”. Em face disso, entende que, da sua parte, “seria uma irresponsabilidade” afirmar o contrário do que garantia o homem que, supostamente, supervisionava o banco e tinha conhecimento profundo do que lá se passava. Posteriormente, “vim a reconhecer que a situação não estava sob controlo” e, por isso, aquando da recondução do governador, disse que “eu, se fosse a ele, saía pelo meu pé, não aceitava a recondução”.

No debate entre os dois candidatos, transmitido esta Segunda-feira na SIC Notícias, Marisa Matias também lembrou declarações de Marcelo de apoio à estratégia do Governo de Passos Coelho em relação ao Banif. O visado reconheceu que, na altura em que foram injectados capitais em três bancos, entre os quais o Banif, disse que essas intervenções “pareciam-me criteriosas”.

Mas, também aqui, como se sabe, as coisas não correram bem e Marcelo, tal como no caso do BES, quer agora saber exactamente o que é que, realmente, aconteceu e quais as razões que levaram a que o problema não fosse resolvido bem mais cedo. Já quanto à solução adoptada pelo executivo de António Costa, mostra-se compreensivo, tendo em conta a situação encontrada e a urgência em colocar ponto final no assunto.

Uma posição em que não é acompanhado por Marisa Matias, que não concorda com a opção tomada. Entende que António Costa e Mário Centeno deveriam ter levado em frente a ideia de integrar o Banif na Caixa Geral de Depósitos, batendo o pé aos organismos comunitários. É que, lembra, “nenhum outro país teve uma resolução de bancos assim”. Mas também admite que tenha faltado ao Governo o apoio do actual Presidente da República, o que enfraqueceria o país neste braço-de-ferro.

No debate foi feita outra viagem ao passado, ao ano de 1988, quando Marcelo, que era, então líder do PSD, contribuiu para a vitória do ‘Não’ no referendo sobre o aborto. Uma “vitória” que para Marisa Matias constituiu uma derrota para as mulheres, que tiveram de esperar nove anos até que a decisão fosse revertida por novo referendo. Marcelo Rebelo de Sousa disse que nunca foi a favor da criminalização do aborto, que, na altura, tinha sobre o assunto a mesma opinião do então Primeiro-Ministro socialista António Guterres e que deu liberdade de voto aos militantes do seu partido.

Bem antes de se assumir como candidato, Marcelo foi, em 2014, um dos subscritores de uma iniciativa legislativa de cidadãos para a aplicação de taxas moderadores na interrupção voluntária da gravidez. Uma medida que o novo Governo decidiu reverter e que está nas mãos de Cavaco. Se fosse ele presidente, o candidato diz não se iria opor. É que, embora tenha posições pessoais próprias sobre o assunto, tendo havido uma maioria que decidiu isso, “não vejo razão para não promulgar”.

O frente-a-frente terminou com Marisa Matias a fazer questão de encostar o seu adversário à direita, ao lembrar que tem o apoio do PSD e CDS e Marcelo a responder com ironia que é um apoio “entusiástico, como se sabe”.

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