Marrocos opôs-se fortemente a um pedido da ONU de enviar uma missão técnica a El Guerguerat para examinar formas de resolver a crise nesta zona tampão ao sul do Sahara Ocidental, como afirmou o Representante do POLISARIO na ONU, Bujari Ahmed aos meios de comunicação argelinos.

Desde há uma semana que os meios de comunicação, inclusive portugueses publicam a presença da Frente POLISARIO na zona tampão entre os territórios ocupados do Sahara Ociental e a Mauritânia, chamada El Guergarat, mas sem mencionar o porquê da presença, fazendo passar a mensagem que é uma presença militar quando se trata de uma operação da polícia saharaui que se viu obrigada a controlar a passagem visto que Marrocos abriu um corredor de forma unilateral violando o acordo de cessar fogo e o acordo militar Nº 1.
No inicio do ano passado Marrocos iniciou a construção de uma estrada ilegal num território que deveria ser monitorizado pela MINURSO, missão da ONU, mas que mais uma vez não actuou o que levou a uma situação critica com os exércitos de Marrocos e da Frente POLISARIO a 120 m de distância.
Novamente Marrocos viola o acordo de cessar fogo e obriga a POLISARIO a tomar medidas uma vez que a ONU falha uma vez mais no cumprimento do seu mandato.
De acordo com Bujari, citado pela APS, a visita da missão da ONU está prevista no parágrafo 3 da Resolução 2351 do Conselho de Segurança de 2017, que prorroga o mandato da MINURSO, e reconhece que a crise em El Guerguerat “levanta questões fundamentais relacionadas com o cessar-fogo e acordos relacionados “e pede ao SG da ONU” encontrar uma maneira de resolvê-lo”.
Deve-se lembrar que esta disposição de resolução 2351 foi resultado de vários dias de negociações pelo Conselho de Segurança que, por consenso, decidiu considerar as causas e consequências da violação do cessar-fogo por Marrocos.
De todas essas discussões surgiu uma importante decisão: a situação em El Guerguerat exige encontrar uma solução que vá além do controle simples de violações do acordo de cessar-fogo para enfrentar as causas reais que causaram a crise.

O diplomata saharaui explicou que foi alcançado um acordo sobre o envio de uma missão técnica à zona e acrescenta que um mês após a adopção da resolução, o movimento saharaui manteve amplos contactos com o Secretário Geral das Nações Unidas, bem como com o Departamento de Operações de Paz (DOP) e o Departamento de Assuntos Políticos (DAP) para implementar esta disposição.
Mas Rabat opôs-se categoricamente em Setembro passado ao pedido do Secretário Geral da ONU, uma rejeição que prova mais uma vez a vontade de Marrocos de continuar a empurrar a situação para um impasse.
O Representante da POLISARIO na ONU indicou que, para evitar crescentes tensões na região, o Presidente da República, Brahim Gali, escreveu no dia 9 de Dezembro ao Secretário-Geral, António Guterres, para informá-lo sobre a situação em El Guerguerat.
No sábado, o Presidente da República Saharaui recebeu uma carta de Guterres na qual o chefe da ONU “reconheceu a importância de resolver o problema de El Guerguerat no contexto do parágrafo três da resolução do Conselho de Segurança”.