Até ao próximo dia 04 de Março o Teatro Municipal RIVOLI vai acolher mais uma edição daquele que é, actualmente, o mais antigo festival de cinema de quantos se realizam em Portugal. Foi no já longínquo ano de 1981 que no “velho” Teatro Carlos Alberto teve lugar a primeira edição do certame, ainda com um carácter não-competitivo.Quase quatro décadas depois o FANTASPORTO continua a sua actividade confrontando-se nesta 38º edição, segundo as informações veiculadas pela sua Direcção, com o mais baixo orçamento de sempre.
Apesar disso serão cerca de uma centena os trabalhos oriundos de várias dezenas de países que poderão ser vistos, durante quase duas semanas, nas várias secções que integram a programação.
Na abertura, que terá lugar esta noite pelas 21h15, será exibido “Marrowbone”, filme de 2017 do asturiano Sergio G. Sánchez. Esta é a primeira longa-metragem do realizador, vencedor em 2002 da secção de curtas-metragens do FANTAS. A estranha e perturbadora história de um grupo de irmãos que guardam segredo sobre a morte da sua mãe e que vivem numa enorme e velha casa, afinal também ‘ocupada’ por alguém há muito desaparecido do mundo dos vivos. Uma trama misteriosa, salpicada de cenas de terror, afinal o género que está no ‘código genético’ do certame portuense. Produção espanhola, mas com um conjunto de actores quase todos britânicos, “Marrowbone” estreou mundialmente no Festival de Toronto, tendo competido poucos dias depois na secção oficial de San Sebastián. Veio a ser nomeado para o Goya de ‘melhor novo realizador’.
Dezasseis filmes na competição oficial de longas-metragens de cinema fantástico
O Canadá, com 5 títulos, e o Japão, as Filipinas, a Coreia do Sul e os Estados Unidos, cada qual com dois, dominam a principal secção competitiva do Festival. Completam a lista uma produção brasileira – “A Comédia Divina” de Toni Venturi -, uma co-produção entre a Estónia, a Holanda e a Polónia, e outra, russa-alemã. São os seguintes os filmes a concurso:
- “Ruin Me” de Preston DeFrancis (E.U.A)
- “Living Among Us” de Brian A. Metcalf (E.U.A.)
- “Woman in Unit 23B (Ang Nanannagal)” de Prime Cruz (Filipinas)
- “Ilawod-The Water Spirit” de Dan Villegas (Filipinas)
- “Ajin: Demi-Human” de Katsuyuki Motohiro (Japão)
- “Les Affamés” de Robin Aubert (Canadá)
- “Still Born” de Brandon Christensen (Canadá)
- “Replace” de Norbert Keil (Canadá/Alemanha)
- “November” de Rainer Sarnet (Estónia/Holanda/Polónia)
- “A Day” de Sun-ho Cho (Coreia do Sul)
- “Involution” de Pavel Khvaleev (Rússia/Alemanha)
- “Glass Garden” de Shin Su-won (Coreia do sul)
- “The Child Remains” de Michael Melski (Canadá)
- “DC Superheroes VS Eagle Talon” de Frogman (Japão)
- “The Hollow Child” de Jeremy Lutter (Canadá)
- “A Comédia Divina” de Toni Venturi (Brasil)
Dois filmes portugueses na Semana dos Novos Realizadores
Mas também há outro cinema para todos aqueles que não se sentem muito atraídos pelo “fantástico”. A mostra de “novos realizadores” cumpre esse objectivo. Nesta secção do festival que se vai realizar pela 28ª vez, encontramos o filme seleccionado para a sessão de abertura das secções competitivas, a realizar na noite de sexta-feira dia 23 de Fevereiro. Trata-se de “Anna Karenina: Vronsky’s Story”, do russo Karen Shakhnazarov (cineasta que em 2012 recebeu o Prémio de Carreira no Fantasporto). São dez os candidatos ao “Prémio Manoel de Oliveira”’ e entre eles estão dois filmes portugueses: “Uma Vida Sublime” de Luís Diogo e “Aparição” de Fernando Vendrell, realizado a partir da obra literária de Vergílio Ferreira. Os restantes são:
- “Bhoy Intsik” de Joel Lamangan (Filipinas)
- “Budapest Noir” de Éva Gárdos (Hungria)
- “The Charmer” de Milad Alami (Dinamarca)
- “Bikini Moon” de Milcho Manchevski (E.U.A.)
- “Al- Asleyeen” de Marwan Hamed (Egipto)
- “True Fiction” de Jin-Mook Kim (Coreia do Sul)
- “The Butcher, The Whore and the One-Eyed Man de János Szasz (Hungria)
Outras secções
Uma secção competitiva de curtas-metragens, a 18 ª edição de “Oriente Express” , com filmes das Filipinas, Japão e Coreia do Sul, uma retrospectiva da obra de Chang Tso-Chi, cineasta de Taiwan, e uma área do festival expressamente reserva às escolas (com trabalhos da ESMAD do Politécnico do Porto, da Escola das Artes da UCP, da Universidade Lusófona de Lisboa, da Universidade do Minho, da UTAD, da ESAP – Escola Superior Artística do Porto, da EPI/ETIC de Lisboa e da ESAD do Politécnico de Leiria) serão outros motivos de interesse para quantos frequentarem esta edição do FANTAS.
Prémio de Carreira para Lauro António
Uma referência final para a personalidade do mundo do cinema que a Direcção do Festival decidiu homenagear nesta edição. Trata-se de Lauro António, “velho” cineclubista, crítico de cinema, realizador, professor, organizador de festivais e animador cultural.
Uma homenagem merecidíssima a um nome incontornável do cinema e da cultura portuguesa das últimas décadas. Dele será exibido o magnífico “Manhã Submersa” realizado em 1980 a partir da obra de Vergílio Ferreira, vencedor do prémio CIDALC no Festival da Figueira da Foz desse ano e distinguido no ano seguinte no Festival de Moscovo.