O desemprego aumenta a fome também, enquanto se concentram no oportunismo da pandemia, os males desfilam pela nossa realidade marcando a amarelo desespero a bandeira dos 45 anos de independência.
Estávamos na quarta classe, quando começamos a ter contacto direito com cálculos ” monstruosos” e o infinito parecia cada vez mais próximo, as ” contas mais difíceis eram contornadas com um simples NTS (Não tem solução)… Mais lá prá frente descobrimos que tudo tinha solução e o não tem remédio é para ir remediando… Nunca tive necessidade de memorizar quantos zeros tem o milhão… Pois tenho sempre a cabeça num turbilhão de cálculos para a sobrevivência… Mas hoje conta-se tudo aos milhões… Um retorno do tempo que todos os angolanos eram milionários e vivia-se em grande, cobertos por uma ilusão óptica, de um milagroso oásis destinado a quem sabia ficar calado.
“Ché menino não fala politica” alertava-nos a velha Chica enfeitada nos seus panos pretos luto… Enquanto enxaguava a roupa do patrão com lágrimas nostálgicas… E aos remendos a vida continuava suportando toda tristeza e no trago amargo acalmava a ansiedade… No balaio repleto de promessas eleitorais deambula pelas estradas a procura pelo menos de dois zeros para o pão dos seus…
Enquanto uns brincam aos milhões outros sobrevivem, lutando para destruir os grilhões da pobreza e do conformismo.
O amor à camisola rasgado, patriotismo vendido e hino sem coro.
O desemprego aumenta a fome também, enquanto se concentram no oportunismo da pandemia, os males desfilam pela nossa realidade marcando a amarelo desespero a bandeira dos 45 anos de independência.
Angola tu és capaz.
A fé foi castrada na promessa de divisão do dizimo, a convertendo almas em cifrões… O comboio para a terra prometida segue repleto de saques mentais e materiais, com a promessa do “vão gostar” … Como não gostar do paraíso? Como entrar num paraíso trancado? Tudo foi simplificado numa relação entre o homem e Deus… Sem mediadores, sem cobradores de imposto.
Angola é de todos nós.
A autora escreve em PT Angola
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