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Domingo, Novembro 3, 2024

Matamo-los e aproveitamos o nome para Aeroporto

João Vasco AlmeidaCuriosa esta tendência nacional para dar nome de gente morta em má circunstância ao aeroporto mais à mão. Sá Carneiro, nisso, ganha a palma a todos: morre num avião, dá nome a um aeroporto. Está certo. Zandinga, o vidente que morreu afogado numa banheira, bem podia dar-se ao manifesto: Piscinas Municipais Zandinga do Funchal. Ou, desejando, chamar a uma pistola “O D. Carlos”. “Manda cá uma bujarda o teu D. Carlos”, disse ele…

Isto para não ser um cretino e lançar um conjunto de saca-rolhas da marca Castro. Ou inaugurar a sinagoga Marquês do Pombal. Ou ter as Fechaduras Martim Moniz. And so on…

Vem isto a propósito da nomeada do Aeroporto de Lisboa. Numa manobra de propaganda gostosa, agora vai chamar-se Humberto Delgado.  Isto é: a gestão da TAP está como um casamento de conveniência, o esquema accionista parece o cubo mágico, o plano de recuperação e as indemnizações do Estado ainda prevêem que se enterre na companhia mais uma mão de 800 milhões de euros (fora o que se paga ao Seu Neeleman pela recompra) mas, foguetório, o Aeroporto da Ryanair e da Easy Jet chama-se agora Humberto.

Humberto, morto pelas balas portuguesas. Morto, depois de ter criado os transportes aéreos, no tempo em que defendia Hitler. Fez-lhe bem a ida aos States, que de lá veio de peito feito às balas a desafiar o botas. Levou com os tiros no feito peito. Mas a homenagem é justa, muito portuguesa: meu General, desculpe lá aquilo de Badajoz, foi sem querer, tome lá um Aeroporto.

Sá Carneiro, Salgueiro Maia, Humberto Delgado
Sá Carneiro, Salgueiro Maia, Humberto Delgado

Sá Carneiro, que foi morto e disso ninguém me desconvence, embora isto já seja mais esoterismo do que investigação, desse, já falámos. Mas ainda aguardo que o Cavaco ocupante de Belém lave a cara de duas vergonhas: Salgueiro Maia e José Saramago.

Se a cavacal figura em cortejo ao esquife político souber sair com dignidade dá já o nome de Salgueiro Maia a, pelo menos, uma medalha daquelas que gosta de espetar nas casacas dos amigos -“Grau de Tê-los no Sítio, da Liberdade e de Ser Humilhado Pelo Próprio País”.

Sobre Saramago, justo justo seria ensinar Cavaco Silva a ler. Costa, que vai recuperar a educação de adultos, pode vir a criar uma universidade sénior em Bull & Queime e ajudar o senhor. É que não nos esquecemos de que Cavaco disse, um dia, na TSF, que Os Lusíadas tinham quatro cantos…

Mas que aposto convosco que a terceira travessia do Tejo ainda se há-de chamar Cavaco Silva, isso aposto. Ou a ponte ou um coqueiro. Ou um banco. De jardim, pelo menos…

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