A Justiça argentina ampliou nesta quarta-feira (01/06) a investigação sobre o presidente argentino Mauricio Macri e sua relação com empresas em paraísos fiscais.
O juiz federal Sebastián Casanello pediu informações à Inspecção Geral de Justiça (IGJ) e ao Departamento Anti-corrupção sobre a ligação do presidente com empresas offshore do grupo económico da família Macri para além das duas pelas quais o mandatário já está a ser investigado.
A Justiça queria inicialmente determinar se Macri teria deixado de declarar as duas empresas de forma intencional. Entretanto, agora serão analisadas possíveis operações suspeitas entre essas companhias e as empresas Fleg Trading LTD e Kagemusha SA, nas quais Macri figurou como director e vice-presidente.
Casanello solicitou cópias dos arquivos das empresas Grumafra SA, Socma Americana SA, Global Collection Services, MTC Investment e Macri Investment Group referentes ao período de 1985 a 2007.
Além disso, foi requerida a declaração de bens apresentada pelo presidente ao Departamento Anti-corrupção no último ano. O juiz solicitou também que a Unidade de Informação Financeira (UIF) verifique possíveis indícios de operações suspeitas no Brasil, no Reino Unido, no Uruguai, no Panamá e nas Bahamas.
Segundo o jornal argentino La Nación, a defesa do mandatário apresentou à Justiça na semana passada um documento em que questiona a amplitude das investigações.
O advogado de Macri, Ricardo Rosental, disse que o processo tinha traços de “excursão de pesca” – expressão utilizada no meio jurídico para designar investigações que vão além do que foi denunciado.
Em Abril, os Panama Papers indicaram que Macri fez parte da direcção das empresas Fleg Trading LTD, nas Bahamas, e Kagemusha SA, no Panamá. A defesa de Macri afirma que as offshores não foram declaradas porque ele não teve participação no capital e não recebeu fundos dessas empresas.
A Justiça investigará o chefe de Estado por suposto enriquecimento ilícito, após denúncia apresentada nesta segunda-feira (30/05) por Gabriela Cerruti, ex-deputada da cidade de Buenos Aires e membro do partido de oposição Nuevo Encuentro.
Em declaração apresentada na semana passada, Mauricio Macri informou que o seu património passou de aproximadamente 52 milhões de pesos (cerca de € 3.322.037,00) no fim de 2014 para 110 milhões ( € 7.027.386,00) no fim do ano passado. O valor corresponde a um aumento de 111% durante 2015.
No entanto, segundo Macri, não houve aumento de património, apenas o formato de apresentação da declaração foi diferente em 2014 e em 2015. Macri acrescentou, ainda, que que vai repatriar mais de US$ 1 milhão depositados em um banco do paraíso fiscal das Bahamas e que comprará letras do Tesouro argentino com esse dinheiro.
Fontes: Folha de São Paulo, Globo, R7, La Nacion